Título: Indústria eletrointensiva pode ter queda adicional de custos de 18%, prevê Abrace
Autor: Bitencourt, Rafael; Rittner, Daniel; Simão, Edna
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2013, Brasil, p. A3

As indústrias eletrointensivas, para as quais o custo da energia é muito significativo no processo de produção, poderão ter redução adicional de custos, com base no decreto da presidente Dilma Roussef, publicado ontem. A redução pode chegar a ficar em torno de 18%, segundo estimativa de Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), que reúne 46 empresas.

O número é inferior ao anunciado pela presidente, que afirmou quarta-feira que o desconto chegará a 32% para a indústria eletrointensiva. Pedrosa afirma que a redução vai variar entre 6% e 18%, o que vai depender de condições dos consumidores e de seus contratos com as companhias fornecedoras. O cálculo anterior da Abrace, que não contemplava o decreto de hoje, era de corte de até 16%.

Segundo o presidente da Abrace, as empresas que obtêm energia diretamente das distribuidoras podem conseguir redução adicional, pois o decreto do governo trata de subsídios internos às distribuidoras. Já as empresas que têm geração própria de energia, ou que são consumidoras da base do setor energético, não terão redução adicional dos encargos além das reduções já calculadas anteriormente, pois não pagam encargos relacionados com as distribuidoras. Das 160 grandes empresas eletrointensivas brasileiras, 15 são consumidoras diretamente conectadas às distribuidoras, de acordo com Pedrosa.

"Para as demais, o ganho adicional não é tao grande, mas é importante. Há um ganho conceitual histórico, confirmado com novas as medidas, que é a confirmação de que a energia não deve ser um veículo para conduzir mecanismos de politicas públicas e de arrecadação", disse o presidente da Abrace. Segundo ele, os movimentos do governo no setor de energia estão fazendo correção de distorções. "Isso é positivo e traz um ganho para a indústria."

Para Pedrosa, as medidas do governo atingem uma questão estrutural do setor energético brasileiro. No entanto, quando considerados também aspectos conjunturais - como o atual encarecimento de energia, devido ao uso das térmicas -, a redução que as eletrointensivas conseguirão pode ser um pouco menor. Pedrosa estima que o aumento do custo energético com o uso das térmicas pode reduzir em até dois pontos percentuais a redução dos custos das companhias.

O desembolso do governo neste ano com a utilização da energia das térmicas ficará em torno de R$ 7 bilhões, abaixo de cifras estimadas pelo mercado, que chegam a superar o dobro deste valor, projeta a Abrace.