Título: BNDES já dá crédito para 101 projetos previstos no PAC
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2007, Brasil, p. A5

O novo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, terá agenda cheia este ano por conta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual o banco será o principal parceiro do governo. O banco já conta com uma carteira de 101 projetos do PAC, dos quais 78 da área de energia, seis de logística e 17 da área social e urbana.

Esses projetos somam investimentos da ordem de R$ 38 bilhões, dos quais cerca de R$ 25 bilhões serão financiados pelo BNDES. Dessas operações, 33 já estão contratadas e 21 aprovadas, disse o diretor da área de infra-estrutura e insumos básicos, Wagner Bittencourt.

O executivo rebate acusações de empresários e líderes de entidades setoriais, de que o PAC não saiu do papel. Para ele, a atuação do banco no PAC já está acontecendo e diz ter certeza que a nova administração dará continuidade ao trabalho da que está saindo. "Temos que fomentar o PAC", destacou. "É a questão da longa caminhada para o desenvolvimento."

Segundo Bittencourt, os projetos de energia da carteira do PAC que já estão no banco prevêem geração hidráulica (de hidrelétricas) da ordem de 7.600 MW. "Se considerarmos estes projetos do PAC da nossa carteira, mais o que já aprovamos para o Plano Decenal de Geração e Energia Elétrica, isso pode significar uma geração de energia entre 35% a 40% da meta do Plano Decenal, que é de31.800 MW proveniente de hidrelétricas até 2015", afirmou Bittencourt.

Na área de logística, o executivo destacou como realização do PAC os navios da Transpetro. Já foram contratados dez navios a serem construídos pelo estaleiro Atlântico Sul, em Suape (PE), e nove pelo estaleiro Rio Naval, no Rio. "São projetos importantes para a competitividade do país, para consolidação da indústria naval. Cada navio levará 20 meses para ser construído. Eles devem estar prontos em 2009 e 2010. Em três anos já estarão operando."

Além dos projetos que já constituem uma carteira de financiamentos do PAC, o diretor de infra-estrutura e insumos básicos adiantou que também foram mapeados projetos que têm possibilidade de serem apoiados pelo banco, mas que ainda não estão na carteira da instituição. Na área de logística, já foram levantados cerca de 30 projetos em fase de mapeamento, dos quais dez projetos de rodovias dez no setor de ferrovias, nove portuários e um de hidrovia.

Uma parte desses projetos de logística é privada, mas no setor de energia elétrica o avanço vai financiar também projetos de empresas que podem ser controladas pela União ou pelo Estado.

O BNDES já identificou na relação de projetos que estão no banco a primeira usina do rio Madeira, a usina de Santo Antônio, cujo orçamento ainda está para ser definido. Segundo consultorias contatadas pelo Valor, o investimento desta usina pode girar em torno de R$ 10 bilhões. A usina será licitada e já tem vários interessados como as empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa e a própria Eletrobrás. A expectativa das consultorias é que esta licitação aconteça no segundo semestre do ano. O banco não comenta prazos, dada a magnitude da obra.

A carteira de projetos do PAC no banco revela que a instituição já vem trabalhando na área de infra-estrutura social, aprovando projetos. São 17 projetos da área social e urbana, que inclui principalmente transporte e saneamento básico, somando R$ 801 milhões. Desse total, R$ 388 milhões são projetos já aprovados, como o da prefeitura de Itajaí, em Santa Catarina e o da Copasa, em Minas Gerais. Quatro operações no valor de R$ 344 milhões já foram enquadradas, e três estão em consulta, somando R$ 70 milhões. Na logística, quatro operações já foram aprovadas , no valor de R$ 5,4 bilhões.

A área de energia é a que lidera o portfólio do PAC. Dos 78 projetos , 32 já foram contratados (R$ 8,2 bilhões) e 7 aprovados ( R$ 1,2 bilhão). Mais 7 estão em análise ( R$ 490 milhões), 21 enquadrados ( R$ 9,2 bilhões) e 3 em consulta (R$ 307 milhões). Além disso, existem mais 8 projetos em perspectiva, com um valor total de R$ 11,7 bilhões.