Título: Genro promete plano contra a violência
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2007, Política, p. A7

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que, em até 60 dias, apresentará um plano de combate à violência no Brasil. O projeto envolverá medidas de segurança aliadas a políticas sociais. Sem dar maiores detalhes, o ministro disse que ele conterá ações de treinamento de policiais e até de habitação, visando a retirada dos profissionais de áreas de risco.

"Para o governo federal, o compromisso com a questão da segurança está ao lado da retomada do crescimento e da educação", disse Genro. "Os governadores não vão precisar mais vir a mim. Em breve, nós é que teremos a oferecer um conjunto de projetos aos Estados."

O anúncio da elaboração de um plano nacional foi feito durante a XXIII Reunião do Conselho de Segurança Pública do Nordeste, evento realizado no Recife. Além do ministro, participaram do encontro o secretário nacional de segurança pública, Luiz Fernando Corrêa, e os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e de Alagoas, Teotônio Vilella Filho (PSDB). Os três governadores presentes ao evento dirigem os Estados cujas capitais estão entre as mais violentas do Nordeste.

Pernambuco ocupa o topo do ranking "Mapa da Violência", elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos. Entre 2002 e 2004, período analisado pelo estudo, Pernambuco foi o líder em homicídios, com 50,7 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

A cidade do Recife também é a mais violenta entre todas as capitais brasileiras, com 91,2 homicídios para 100 mil pessoas. No ranking dos municípios de todo o país, ela aparece na 13ª posição. Maceió, onde o índice é de 62,4 assassinatos, ocupa o segundo lugar entre as capitais nordestinas. Logo depois estão Aracaju e João Pessoa, com 50,7 e 43,3 homicídios, respectivamente.

Para tentar tirar Pernambuco do topo do "Mapa da Violência", o governador Eduardo Campos montou uma equipe que reuniu diversas áreas da sociedade para encontrar medidas de combate ao problema. Depois de 16 encontros, amanhã devem ser anunciadas as primeiras ações do Estado.

O governador da Paraíba defendeu um aumento dos repasses da União, por meio do Fundo da Educação Básica (Fundeb) à área de educação como uma forma de evitar a violência. "Não é correto os Estados investirem R$ 32 bilhões, os municípios, R$ 14 bilhões, e o governo federal, apenas R$ 1,8 bilhão no Fundeb. O modelo está errado. Educação e segurança precisam ser discutidas juntas", afirmou o governador.