Título: Mercado interno atrai Magna ao Brasil
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2007, Empresas, p. B7

Desde 1994, o americano Mark Hogan não perdia um carnaval no Brasil. E há alguns anos ele tocava tamborim na bateria da Portela. Este ano foi diferente. Pela primeira vez em 13 anos, ele perdeu o desfile na Marquês de Sapucaí. O presidente da Magna International está muito ocupado tratando da disputa pela Chrysler.

Valor: A "BusinessWeek" publicou uma reportagem dizendo que quem ficar com a Chrysler levará uma empresa incompleta porque ela depende muito da Daimler.

Mark Hogan: Não é verdade. Apenas 5% das operações estão ligadas às da Daimler.

Valor: E sobre a área de desenvolvimento de produtos? A empresa não é dependente?

Hogan: Nós sabemos como desenvolver produtos (risos)

Valor: O senhor conhece a fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, que pode se tornar da Chrysler?

Hogan: Sim. É uma fábrica absolutamente fantástica. É uma pena o que aconteceu com ela. Eu acho que a escolha do produto (Classe A) foi errada.

Valor: Depois de ter trabalhado na GM por algum tempo, como o senhor acompanha a forma como a empresa está lidando com a crise?

Hogan: Rick Wagoner (presidente mundial da GM) está indo muito bem. A empresa vai conseguir se recuperar.

Valor: O mercado brasileiro está crescendo. Isso leva as empresas a apostarem na produção no país?

Hogan: Eu acho que o Brasil tem potencial para ser o quinto maior produtor do mundo. Hoje, percebemos que os consumidores já confiam em sistemas de financiamento de carros porque a inflação está sob controle. É um país com grande potencial para a indústria automobilística porque grande parte da população tem menos de 20 anos.

Valor: Mas o Brasil não pode perder espaço no cenário mundial para outros emergentes?

Hogan: A diferença em relação aos demais países do BRIC (Rússia, Índia e China) é que o Brasil já tem uma economia automotiva e conta com uma tecnologia automotiva já desenvolvida.

Valor: A cultura do Brasil, como o carnaval, sempre o cativaram. O que o atrai ao Brasil?

Hogan: O povo me atrai. Mas os sistemas de educação e de saúde precisam mudar.

Valor: O senhor pretende voltar a desfilar no Rio?

Hogan: Eu gostaria muito de conhecer o carnaval de Salvador, mas acho que o pessoal da Portela vai ficar bravo se eu for.