Título: Celesc investirá R$ 335 mi em 2005
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2005, Empresas & Tecnologia, p. B1

A Celesc, Centrais Elétricas de Santa Catarina, pretende investir R$ 335 milhões em 2005, um dos maiores volumes de investimento de sua história. Os recursos serão usados principalmente na área de distribuição, onde serão aplicados R$ 285 milhões do valor global, segundo o presidente da Celesc, Carlos Rodolfo Schneider. Outros R$ 14 milhões serão destinados à geração e os demais recursos para a frota, informática e universalização do sistema. Parte dos recursos estava prevista para 2004, mas muitas obras não foram realizadas por demora nos procedimentos de licitação, que fizeram com que a empresa postergasse para 2005 parte dos projetos do ano passado. Schneider diz que 2005 será um ano de investimentos depois de a Celesc ter vivido um bom ano em 2004. A empresa ainda não divulgou o balanço, mas estima-se que registrou aumento de 4% no consumo total. "Foi o melhor ano da história da Celesc", disse o executivo. Segundo ele, a empresa gastou menos, comprou melhor, reduziu o desperdício e registrou aumento de consumo. A expectativa é otimista para 2005 por conta de aposta na melhora da economia. "O governo fará investimentos em infra-estrutura e isso refletirá em novos investimentos pela iniciativa privada", diz. A Celesc espera para 2005 um resultado ainda melhor com diminuição do indicador de inadimplência. Hoje, a inadimplência acumulada da companhia está em R$ 330 milhões. A empresa começa neste mês a mandar os primeiros nomes de devedores para o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, sendo a primeira companhia do setor a fazer isso. Schneider diz que a inadimplência por mês está em cerca de 1,5% na Celesc, sendo que a referência seria um indicador de 0,5%. Neste mês também, a companhia deverá criar a diretoria jurídica. Atualmente, o departamento jurídico está vinculado à diretoria financeira. A intenção é levar casos graves de não-pagamento das contas de energia à Justiça. A criação da diretoria jurídica vem acompanhada da criação da diretoria comercial, de olho na comercialização de energia. A desverticalização das operações da Celesc também está na pauta. "Com o novo modelo do setor elétrico, existe demanda crescente de resoluções e é necessária uma mudança interna para dar conta disso", explica Iliane Caparelli, assessora da diretoria financeira e coordenadora do projeto de desverticalização da Celesc. A desverticalização, que já foi feita pela maioria das empresas do setor, prevê a separação das áreas de geração e distribuição em duas novas empresas. O projeto será encaminhado à Assembléia Legislativa de Santa Catarina para apreciação em sessão extraordinária hoje. A empresa corre contra o tempo para se adequar até setembro, conforme prevê regra da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "Queremos fazer isso o quanto antes. Se não nos adequarmos, estaremos sujeitos a multas pela Aneel", diz Iliane. Ela explica que desde 2000 isso vinha sendo discutido, mas somente agora o projeto pôde ser colocado em andamento. Serão criadas a Celesc Geração e a Celesc Distribuição, que estarão sob a administração da Holding Celesc. As empresas deverão ter saúde financeira independente uma da outra. "No passado, chegamos a pedir que não houvesse as alterações na Celesc porque temos uma estrutura particular, já que nossa área de geração é muito pequena. Temos apenas 12 pequenas centrais hidrelétricas. Só geramos 2,7% do que distribuímos." Ainda não se sabe quanto custará à empresa o processo de desverticalização.