Título: Açúcar perde espaço e total de vendas para os russos cai 30% no ano
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2012, Brasil, p. A3

A Rússia comprou 30% a menos do Brasil neste ano do que ano passado. O resultado foi influenciado pela estagnação da venda de carnes - principal produto da pauta de exportação - e o encolhimento de nada menos do que dois terços do envio de açúcar. Com isso, o superávit com os russos, que de janeiro a novembro de 2011 ficou em US$ 1,4 bilhão, no mesmo período deste ano recuou para US$ 480 milhões.

O produto que mais perdeu espaço em território russo neste ano foi o açúcar. As vendas, que no ano passado chegaram a US$ 1,8 bilhão não vão passar de US$ 650 milhões este ano. Mesmo assim, o açúcar será o segundo item mais vendido para a Rússia em 2012.

Apesar das barreiras sanitárias, as exportações de carnes, aves e suínos ficaram no mesmo patamar do ano passado - US$ 1,4 bilhão. Já a soja, a exemplo do açúcar, teve retração significativa e passou de US$ 154 milhões para US$ 87 milhões. Influenciadas pelo desempenho desses três produtos, as exportações de janeiro a novembro somaram US$ 2,9 bilhões, número mais próximo das importações.

De acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a responsabilidade pela queda acentuada do açúcar é da Índia. No ano passado, os produtores indianos não conseguiram produzir o suficiente para exportar, por isso os russos procuraram o produto brasileiro. Neste ano, a safra da Índia voltou a crescer. "A Rússia voltou a comprar dos indianos, que estão mais perto e por isso possuem custo menor de frete", afirmou.

Para Castro, é comum a Rússia adotar medidas fitossanitárias nas importações de carnes. O problema com o Brasil é que não há frigoríficos suficientes com certificação russa para fazer crescer o comércio. Os Estados Unidos também podem ter as exportações aos russos afetadas ano que vem, fato que ajudaria o Brasil. "Há muito espaço para ampliar essa venda. Falta resolver essa questão técnica", disse o presidente da AEB.

Do outro lado da balança, a compra de produtos russos registrou desaceleração. O recuo registrado foi de 10%, com as importações não passando de US$ 2,4 bilhões. Mais da metade do montante foi para abastecer a agricultura brasileira. Apesar do encolhimento de mais de US$ 200 milhões no desembarque, o grupo adubos e fertilizantes respondeu por US$ 1,4 bilhão do total das compras. Com recuo de mesmo valor, os russos venderam US$ 314 milhões em combustíveis entre janeiro e novembro.