Título: "É legítimo que o PMDB almeje chegar onde estou", diz Lula
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2007, Política, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite de quarta-feira, durante jantar com deputados, senadores, governadores e ministros do PMDB, que o partido tem o direito de pleitear a candidatura própria à Presidência da República em 2010. Lula agradeceu o apoio do partido nas votações recentes do Congresso e acrescentou: "Se o PMDB unido é excepcional para a governabilidade no país, essa união é ainda mais extraordinária para o projeto próprio para o PMDB".

De acordo com os presentes, qualquer um dos políticos que jantavam na residência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), "à exceção dele", tinham condição de ser candidato. "Eu cheguei ao cargo mais alto que um político pode chegar, a Presidência da República. É legítimo que o PMDB também almeje chegar onde cheguei".

Lula enumerou as realizações de seu primeiro mandato, que teria lançado as bases para "um projeto grande de nação". E convocou os partidos aliados para que permaneçam unidos até 2010, dando continuidade a esse projeto. Antes do encontro, Lula disse que vai conversar com todos os partidos aliados para estabelecer "uma relação política mais harmônica e consistente".

O presidente também disse que tem um "projeto de país", que trabalhou para arrumar a casa e que agora vai começar a colher os resultados. "Lula avisou que está na hora de fazer grandes realizações, que seu projeto de país é social, e não neoliberal", afirmou um pemedebista presente ao jantar.

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, lembrou que a produção de aço aumentou 18% nos últimos anos e que o país recebeu, nos últimos 12 meses, US$ 32 bilhões de investimentos estrangeiros. "Tudo isso sem precisar vender nenhuma estatal", provocou Walfrido, retomando a tese da campanha eleitoral de que o governo do PSDB era privatista.

Lula acrescentou que todo esse desenvolvimento econômico não seria suficiente sem os avanços sociais, como os investimentos em Bolsa Família, educação. "No século XX, o Brasil acabou perdendo oportunidades de crescimentos que não poderia ter perdido. Por isso, precisamos continuar juntos: para não perder a nossa oportunidade neste século XXI", resumiu o presidente.

Lula também aproveitou para fazer um desabafo diante do maior partido da Câmara e do Senado. Reclamou que apanhou muito durante os primeiros quatro anos de governo, numa referência à crise política que enfrentou após as denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ). "Não apenas eu, mas toda a minha família", disse ele, citando as reportagens que questionavam a sociedade entre seu filho, Lulinha e a Gamecorp. Mas Lula afirmou que deu a volta por cima e citou a força política de um dos presentes na reunião. "Eu lembro como o Sarney (José Sarney, senador pelo Amapá) apanhou durante seu governo. Quando a crise política começou, ele foi um dos primeiros a me prestar apoio", agradeceu o presidente.

Entre os discursos dos pemedebistas, o mais enfático foi do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Alves lembrou que, quando reeleito, Lula cobrou unidade do PMDB. "Essa união está aqui, presidente". Temer ressaltou a importância da coalizão, citando o exemplo recente do debate sobre a prorrogação da DRU e da CPMF no Conselho Político.