Título: Desconto é a tônica no Salão de Detroit
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2005, Empresas & Tecnologia, p. B4

Os fabricantes de veículos dos Estados Unidos abrem, nesta semana, o Salão de Detroit 2005, a vitrine do berço da indústria automobilística, em meio a mais uma temporada de promoções e descontos. Um ritual que foi inventado pela General Motors, a maior montadora do mundo, para impulsionar as vendas logo após os ataques terroristas de 11 de setembro - dar desconto em cada carro vendido -, passou a ser um pesadelo que agora atormenta todas as marcas que atuam no mercado dos Estados Unidos, o maior do mundo. A estratégia começou em 2001 e desde então todos os carros vêm sendo vendidos naquele mercado com abatimentos. As vendas das marcas americanas, como Ford e GM, vêm crescendo em doses homeopáticas. A média mensal ficou inferior a 1% no final de 2004. A elevada concorrência provoca a guerra de preços. As marcas que mais vendem nos Estados Unidos terminaram o ano passado oferecendo descontos médios de US$ 3 mil a US$ 4,3 mil em cada unidade. Em dezembro, as montadoras norte-americanas venderam um total anualizado de 17,39 milhões de automóveis e comerciais leves. O volume ficou 0,5% abaixo do mesmo período do ano anterior. Apesar disso, o mercado norte-americano continua sendo o mais cobiçado pelas montadoras do mundo em razão do tamanho. Os fabricantes americanos sofrem concorrência principalmente dos japoneses e coreanos. As marcas asiáticas fecharam 2004 com participação de quase 35% nesse mercado. Há três anos, a fatia desses fabricantes era de pouco mais do que 25%. Ontem, o North American International Auto Show (Naias), nome do Salão de Detroit, foi aberto aos mais de 6 mil jornalistas do mundo todo que comparecem anualmente à feira. Instalado em uma área de 700 mil metros quadrados, o Naias injeta, em média, US$ 500 milhões na economia do Estado de Michigan - cerca de US$ 100 milhões somente em Detroit. O salão de Detroit vem sendo apresentado desde 1907, com exceção do período da Segunda Guerra Mundial. A exibição destaca, sobretudo, as enormes picapes, modelos de veículos voltados ao gosto do norte-americano. A relação do automóvel com o meio ambiente também é outro destaque da mostra. O salão estará aberto ao público de 15 a 23 de janeiro.