Título: País busca alternativas ao Banco do Sul
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2007, Brasil, p. A3

O Brasil quer discutir mecanismos de "compatibilização financeira" entre os países sul-americanos, antes de se comprometer com a formação de um Banco do Sul, como propõe o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Queremos buscar soluções inovadoras, como um passo prévio para a criação de um banco de desenvolvimento sul-americano", discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao encerrar, ontem, a edição latino-americana do Fórum Social Mundial, em Santiago, ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Segundo o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, participará, na próxima semana, do encontro de ministros da Fazenda no Equador e levará propostas de incentivar mecanismos de integração financeira já existentes, como o Convênio de Crédito Recíproco (CCR), que compensa os fluxos financeiros gerados no comércio entre os países latinos, e funciona como uma espécie de seguro para exportações.

Outro mecanismo que a Fazenda pretende explorar é o Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar), formada pelos países da Comunidade Andina, com critérios de segurança bancária internacional, com parte das reservas internacionais desses países, e remuneração superior à concedida pelas instituições financeiras tradicionais. O Flar, com patrimônio em torno de US$ 2,1 bilhões em 2006, pode ser usado em empréstimos para apoiar o balanço de pagamentos dos países sócios, e uma mudança de estatuto poderia permitir outras linhas de financiamento.

Interessado em apresentar alternativas à pressa de Chávez para constituição do Banco do Sul, Lula, em entrevista a jornalistas chilenos e argentinos, antes de sua viagem ao Chile e à Argentina, nesta semana, chegou a anunciar que espera, em quatro anos, constituir um Banco Central da América do Sul, que permitiria a adoção de uma moeda comum entre os países da região. Segundo os assessores do próprio Lula designados para estudar o assunto, não há, no governo, expectativa de criação de uma instituição do gênero em tão curto prazo, entre países com condições macroeconômicas tão distintas quanto os sul-americanos. A idéia da moeda comum e do Banco Central regional é a meta a ser alcançada, diz a equipe econômica.

Lula tem criticado a idéia do Banco do Sul por considerá-la indefinida, sem um perfil claro que permita saber se a futura instituição seria um banco de desenvolvimento, uma instituição tipo Fundo Monetário Internacional. (SL)