Título: Governos montam rápida e forte operação de apoio
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2013, Brasil, p. A3

Tão logo foi informada da tragédia que matou pelo menos 233 jovens em Santa Maria, a presidente Dilma Rousseff desencadeou uma operação para garantir ampla, rápida e efetiva assistência às vítimas do incêndio. Além da Presidência da República e das Forças Armadas, a operação de auxílio ao município no interior do Rio Grande do Sul envolveu os ministérios da Saúde, Justiça e Educação. O governo gaúcho também mobilizou vários esforços para atender e remover as vítimas, quando necessário, para hospitais da capital.

Assim que soube do ocorrido, pouco antes do amanhecer, Dilma telefonou para o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), e - na sequência - acionou os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário. Dilma também decidiu interromper sua participação na reunião de cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, em Santiago do Chile, para coordenar as ações do governo e visitar Santa Maria.

Já no Rio Grande do Sul, depois de visitar vítimas e seus familiares, Dilma pediu, em conversa reservada com o governador gaúcho, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), e militares, especial atenção aos familiares das vítimas fatais. O Estado é o berço político da presidente. "Agora, nós precisamos nos preocupar muito com as famílias. Perder um filho é a pior coisa que pode acontecer com uma família. É preciso dar assistência e total apoio às famílias", disse a presidente aos seus interlocutores, antes de agradecer a alguns socorristas que se encontravam nas proximidades, ainda com as roupas e máscaras cobertas de cinzas, o esforço na operação.

O único pronunciamento público da presidente sobre o assunto, porém, ocorreu ainda na capital chilena. "Eu não vou continuar na reunião por razões também muito claras", afirmou Dilma a jornalistas, emocionando-se. "Quem precisa de mim hoje é o povo brasileiro e é lá que eu tenho de estar."

Depois de acionado por Dilma, o ministro da Justiça telefonou ao governador gaúcho para ofertar o auxílio imediato da Força Nacional de Segurança Pública. O envio das tropas, formadas por bombeiros, policiais militares e civis e peritos, só pode ocorrer quando há pedido formal dos Estados.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que é gaúcha e estava no Estado, foi acionada. Já o ministro da Saúde deslocou-se de São Paulo para o Rio Grande do Sul e enviou a Santa Maria uma equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde, órgão que faz parte da Rede de Atenção às Urgências e Emergências do governo e tem como objetivo prestar rápida assistência a populações atingidas por catástrofes ou epidemias. Padilha colocou um grupo de hospitais da região ligados ao SUS de prontidão, e providenciou o envio de peritos de Brasília.

As Forças Armadas também foram mobilizadas, sob a coordenação do ministro da Defesa, Celso Amorim. Militares ligados à 3ª Divisão de Exército deram apoio logístico no local da tragédia. Helicópteros H-60 Blackhawk do esquadrão aéreo localizado em Santa Maria ajudaram nos deslocamentos, e outras quatro aeronaves foram colocadas de prontidão para cumprir missões de UTI aérea. Médicos cirurgiões, enfermeiros e suprimentos foram enviados do Hospital de Força Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.

O Ministério da Educação colocou os hospitais universitários gaúchos à disposição para auxiliar no atendimento às vítimas e no apoio aos familiares.