Título: Empréstimo ao consumidor já supera R$ 200 bi
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2007, Finanças, p. C1

A forte expansão do crédito consignado nos últimos anos elevou de forma expressiva a parcela de financiamentos para a pessoa física. Dados do Banco Central mostram que o saldo total atingiu R$ 204,53 bilhões em março, com o avanço de 21,7% nos últimos doze meses.

Somente no mês passado, as concessões acumuladas atingiram R$ 47,56 bilhões, 15% de crescimento no mês. A evolução tem superado as expectativas do mercado. "No final de 2002, fizemos um estudo estimando este patamar de R$ 200 bilhões apenas para 2010", lembra o sócio-diretor da Partner Conhecimento, Álvaro Musa. A análise levava em conta um crescimento do PIB de 4,5%.

"Nossa nova estimativa para 2010 é de R$ 300 bilhões", afirma. Desde 2000, o crescimento real do crédito ao consumidor foi de 16,4% ao ano. Segundo Musa, a principal explicação para a antecipação desse patamar recorde, mesmo com taxas de crescimento da economia inferiores à projetada, é o crédito consignado.

Somente neste ano, a modalidade, que atingiu R$ 52,77 bilhões em março, já evoluiu de 9,6%. Em março, as concessões de crédito pessoal, que incluem o consignado, atingiram R$ 10 bilhões. Musa destaca ainda a estabilidade, a queda nos juros e as parcerias com redes varejistas.

O diretor de produtos da Serasa, Ricardo Loureiro, lembra que muitos bancos têm aproveitado esses acordos com as grandes redes de varejo para melhorar o conhecimento dos clientes e oferecer créditos de forma mais eficiente. "A criação de um cadastro positivo ampliaria ainda mais o conhecimento das instituições, reduzindo as taxas de juros e ampliando o crédito".

O financiamento de veículos chegou a R$ 67 bilhões, 5,55% de crescimento nos primeiro trimestre. Já os empréstimos para aquisição outros bens, que não veículos, estão estagnados. O saldo se mantém na casa dos R$ 10 bilhões desde o início do ano passado. Um dos entraves, segundo Musa, é a concorrência com os cartões, cujo saldo avançou quase 20% em 12 meses, para R$ 15 bilhões.