Título: Dirceu fará campanha nacional contra julgamento
Autor: Serodio , Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2013, Política, p. A10
O ex-ministro-chefe da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu prometeu uma cruzada nacional para questionar o julgamento do mensalão e combater o que chamou de "campanha da direita e da mídia contra o projeto político do PT".
"Temos agora os recursos e temos a revisão criminal e temos as cortes internacionais. Mas temos, principalmente, a luta política e a mobilização", afirmou, sobre as possibilidades que os condenados no julgamento ainda têm. Segundo ele, não houve desvio de dinheiro público. "Não há uma testemunha que diga que houve compra de votos."
De acordo com ele, a mobilização servirá "para enfrentar a ofensiva que estão movendo contra o PT e contra o companheiro Lula [Luiz Inácio da Silva] e o governo da companheira Dilma [Rousseff, presidente da República]".
Dirceu reafirmou que o mensalão não foi a compra de apoio político, mas um financiamento de campanha do PT. De acordo com ele, o julgamento público dos líderes do partido começou antes do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele culpou a mídia pelo que chamou de condenação pública dos réus e pelo que classificou de pressão sobre o Supremo e sobre o parlamento.
"Se houvesse democracia nos meios de comunicação, nós não estaríamos hoje aqui, porque teríamos sido absolvidos", disse.
Dirceu afirmou que mesmo com a grande visibilidade do julgamento, a oposição teve uma derrota nas urnas na última eleição.
"Toda vez que eu falo que é preciso ir às ruas, há um discurso de que nós estamos fazendo uma afronta ao STF. Pelo contrário, [questionar o julgamento] é um serviço pela democracia", disse. "Não vou baixar a cabeça. Tudo o que eu queria era estar exercendo um mandato ou estar no governo trabalhando pelo Brasil", acrescentou. Dirceu foi condenado pelo STF a dez anos e dez meses por formação de quadrilha e corrupção ativa, além do pagamento de multa de R$ 676 mil.
O ex-ministro participou ontem à noite de um debate organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para questionar supostos erros cometidos pelo STF no julgamento do mensalão, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio.