Título: CSN planeja triplicar de tamanho até 2010
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2007, Empresas, p. B10

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tem planos de chegar a 2010 três vezes maior do que é hoje sem perder as margens de ganho que a caracterizam como uma das usinas de maior geração de caixa do mundo pelo conceito lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), disse ontem o presidente do conselho e principal acionista da empresa, Benjamin Steinbruch.

A expansão da CSN, fundada em Volta Redonda (RJ) há 66 anos, estará alicerçada em investimentos iniciais de US$ 6 bilhões na construção de duas usinas de produção de placas de aço, cada uma com capacidade de produzir 4,5 milhões de toneladas por ano. Uma das unidades será instalada em Itaguaí, na região metropolitana do Rio, e a outra em terreno vizinho à mina de Casa de Pedra, controlada pela CSN, em Congonhas (MG).

Ontem Steinbruch e três diretores-executivos da CSN detalharam, para analistas de bancos de investimento, a estratégia de crescimento da empresa nos próximos anos. O encontro se realizou no porto de Itaguaí, onde a CSN concentra suas operações portuárias. Juntas, as duas usinas da companhia acrescentarão 9 milhões de toneladas à produção da empresa, que em 2007 deverá atingir 5,6 milhões de toneladas de aço bruto.

A partir de 2010, a CSN estará produzindo 15,1 milhões de toneladas de aço por ano, incluindo a produção de 500 mil toneladas de aços longos, para a construção civil, em Volta Redonda, em investimento de US$ 112 milhões. Otávio Lazcano, diretor financeiro da CSN, disse que o objetivo é triplicar o faturamento e manter a margem lajida elevada, da ordem de 45% a 50%. "E vamos mais do que triplicar o lucro e a capacidade de geração de caixa", disse. No primeiro trimestre, a empresa registrou lucro líquido de R$ 763 milhões, 124% superior ante 2006.

Eneas Diniz, diretor de produção, detalhou o projeto das usinas de placas. Em dois meses, a CSN deverá ter concluído a contratação dos equipamentos para a unidade de Itaguaí. A primeira placa deverá sair da usina, orçada em US$ 3,1 bilhões, em setembro de 2009. Diniz confirmou que a CSN ofereceu 25% de participação no negócio à chinesa Baosteel, que pediu seis meses de prazo para responder pois precisa de aprovação do governo.

Independente da decisão dos chineses, a CSN vai desenvolver o projeto, que será feito com equipamentos vindos da China, assim como os demais novos planos de expansão da CSN, disse Steinbruch. Os estudos da siderúrgica indicam que, enquanto a usina de Itaguaí ficará focada na produção de placas para a exportação, a unidade de Congonhas irá diversificar e agregar valor à produção, voltada aos mercados interno e externo.

Dos 4,5 milhões de toneladas de aço bruto a serem produzidos na unidade da CSN em Minas, 2 milhões de toneladas serão transformados em laminados a quente, 1,5 milhão de toneladas estará voltado para o segmento de aços longos e 1 milhão de toneladas exportadas na forma de placas de aço.

O investimento na unidade de Minas, considerando somente a produção de placas, será de US$ 2,9 bilhões. A plena capacidade, as novas usinas produzirão 5,5 milhões de toneladas de placas de aço para a exportação e 2 milhões de toneladas anuais de aços longos, incluindo as 500 mil toneladas/ano de Volta Redonda.

Diniz afirmou que nos próximos seis meses a CSN avaliará oportunidades de aquisição ou de investimento em projeto de laminação a quente dentro e fora do Brasil. Uma possibilidade é implantar o laminador em Minas. Outra hipótese é instalar o projeto nos EUA, onde a CSN já tem usina de laminação a frio e galvanização.

"A CSN é compradora", disse Steinbruch aos analistas. Juarez Saliba, diretor de mineração, afirmou que as vendas de minério de ferro do grupo CSN devem atingir 75 milhões de toneladas por ano a partir de 2012. Serão 60 milhões de toneladas anuais produzidas em Casa de Pedra, que concluiu a avaliação econômica de uma nova expansão, e mais 15 milhões de toneladas vendidas pela Nacional de Minérios (Namisa), subsidiária da CSN criada no ano passado para comprar e revender minério de terceiros. Em 2007, a Namisa já embarcou cerca de 1 milhão de toneladas para a exportação pelo terminal da CSN no porto de Itaguaí.