Título: Fiesp reduz projeção de crescimento da atividade em SP
Autor: Pedroso , Rodrigo
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2013, Brasil, p. A2

A divulgação do Indicador do Nível de Atividade (INA) referente aos meses de novembro e dezembro levou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a rever para baixo a retomada do crescimento da indústria paulista esperado para este ano. A estimativa anterior, de 3,9%, passou agora para 2,3%.

Feitos os ajustes sazonais, em dezembro a indústria paulista encolheu 0,3% ante o mês anterior. Em novembro, ante outubro, o recuo foi de 0,8%. Com isso, o setor fechou 2012 com queda de 4,5% na atividade. Em outubro, a Fiesp esperava que o recuo fosse ser de 4,1%. Sem os ajustes, a atividade encolheu 12,7% em dezembro e 4,7% em novembro.

Também foi realizada a revisão dos dados de outubro contra setembro. Na primeira divulgação, no fim do ano passado, o crescimento apontado foi de 0,8%, feito os ajustes sazonais. Após o novo cálculo, o aumento ficou em 0,3% para aquele mês.

Por outro lado, a indústria paulista aumentou o uso de capacidade instalada e cresceu o nível de confiança entre os empresários, embora essa última variável ainda permaneça em um patamar considerado baixo. Em dezembro, o nível de utilização da capacidade instalada foi de 82%, ante 80,5% em dezembro de 2011, com ajuste sazonal.

O indicador Sensor, que mede o nível de confiança dos empresários paulistas do setor industrial, marcou 49,8 pontos em janeiro, ante 45 pontos em dezembro. A leitura também é melhor que a de janeiro do ano passado, quando o Sensor marcava 42,2 pontos. Nessa medição, que vai de zero a cem pontos, números abaixo de 50 indicam pessimismo e, acima, otimismo.

Para Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp (Depecon), a atividade "deu uma esmaecida" nos últimos meses do ano. "Iniciou-se o segundo semestre com certa tendência de recuperação, apesar de não vigorosa. Não vinha com ímpeto, mas parecia uma recuperação lenta e segura. Os últimos meses do ano não confirmaram isso", afirmou o dirigente.

Sobre os motivos de a indústria não ter mostrado o desempenho previsto, Francini diz que a entidade ainda está estudando as causas. "Precisamos ver, porque muita coisa vem sendo feita para estimular à produção, e mesmo assim ela não decola."

Com o resultado de 2012, o setor terá um caminho maior para engatar uma retomada. "Não podemos dizer que há sinais claros de melhora na atividade. Tampouco de piora. Continuamos na expectativa que de que as medidas tomadas deem resultados", disse Francini, referindo-se aos vários pacotes de incentivos lançados ao longo do ano passado pelo governo federal, como a desoneração da folha de pagamento.

Para este ano, a entidade segue com a previsão de um crescimento de 3% para Produto Interno Bruto (PIB) do país. A mesma porcentagem de incremento é esperada para a indústria de transformação brasileira.

Dentro da indústria paulista, os setores têxtil e automobilístico tiveram os piores resultados de atividade ao longo do ano passado. O primeiro registrou recuo de 11,6% na produção, enquanto no segundo a retração foi de 5,6%.

Segundo Francini, as causas do mau resultado do setor têxtil "já são conhecidas". Ele cita o alto nível de importação e a dificuldade da indústria em concorrer com os produtos estrangeiros, movimento que é constante desde o início de 2011.

Em relação à indústria automotiva, os números precisam ser melhor dissecados, segundo Francini. Enquanto as vendas de automóveis no país cresceram mais de 8% ano passado, impulsionando a produção das montadoras, o que puxou para baixo o setor no caso paulista foi o desempenho da indústria de autopeças. "Isso também tem a ver com importação e alto nível de estoques", disse o diretor da Fiesp.