Título: Brasil deve ser mais ativo, alerta Unctad
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2007, Agronegócios, p. B16

O Brasil precisa ser mais ativo no desenvolvimento do mercado de biocombustíveis. O alerta é do diretor de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Lucas Assunção. "O Brasil tem de estar no centro na pesquisa com tecnologia de ponta para a segunda geração de produção de etanol, na discussão sobre desenvolvimento sustentável e na certificação dos biocombustíveis", afirma o assessor.

Para ele, é importante a iniciativa brasileira de criar um fórum global do etanol, reunindo grandes exportadores e importadores. Mas Assunção aconselha o país a definir uma estratégia para influenciar na produção de energias renováveis a partir de produtos agrícolas. Um estudo da Unctad sobre biocombustíveis destaca a competitividade brasileira, mas também realça os subsídios nos países industrializados. E conclui que subvenções à agricultura estão se tornando subsídios para energia. Nos EUA, por exemplo, os produtores de milho receberam US$ 37,4 bilhões entre 1995 e 2003.

Conforme a Unctad, para que se tenham biocombustíveis suficientes para atender à crescente demanda é preciso maximizar o uso de matérias-primas e reduzir custos, o que exige tecnologias sofisticadas. Segundo o órgão, a "primeira geração" de biocombustíveis, a partir de cana e óleos vegetais, pode ser feita com tecnologia convencional, mas a "nova geração" já envolve trabalhos mais sofisticados como a fermentação de celulose a partir de resíduos como palha de arroz, trigo e milho, bagaço, restos de madeira e papel.

É esse o caminho dos investimentos em curso nos EUA e no Canadá, e a Unctad acredita que essas fontes estarão disponíveis comercialmente em dez ou 15 anos.

Para Assunção, o Brasil deve ser pragmático e usar seu peso no etanol para influenciar o debate internacional não somente sobre segurança e diversificação energética, mas também sobre emprego e crescimento econômico de áreas rurais, além das certificações que procuram estabelecer padrões ambientais mínimos para a produção de biocombustíveis.

Para a Unctad, certificação e rotulagem de biocombustíveis continuam, porém, sendo questões complexas. "Mas barreiras comerciais podem ser evitadas com participação ativa", conclui Assunção.