Título: EUA pretendem financiar infra-estrutura, diz Shannon
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Fonte: Valor Econômico, 26/04/2007, Brasil, p. A6

O governo dos EUA está disposto a ajudar os países sul-americanos a encontrar novas fórmulas de financiamento para infra-estrutura, e vem discutindo o assunto com autoridades brasileiras, informou ao Valor o subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina, Thomas Shannon. Ele garante que o governo Bush está interessado em facilitar a integração no continente, considerada essencial para a competitividade dos países.

A busca de novos mecanismos de financiamento entrou na agenda bilateral como compromisso dos dois presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush, que mantiveram dois encontros sucessivos em abril. Para Shannon, a maioria dos países do continente reconhece a importância do apoio americano ao projeto de interligação das infra-estruturas nacionais.

Pesquisa divulgada ontem pelo Fórum Social Mundial -América Latina, com base em questionários respondidos por investidores na região, aponta Chile, Brasil e Colômbia como os mais atrativos para o investimento do setor privado em infra-estrutura na América Latina. O Chile foi destacado por todos como o mais amistoso em relação a investimentos. A seguir aparecem Brasil, Colômbia e Peru, que apresentam bom desempenho na maioria dos fatores considerados para investimentos, mas falham em outros, como a falta de um marco legal satisfatório.

A pesquisa pôs Argentina, Bolívia e Venezuela em último lugar, consideradas pelo setor privado pouco atrativas. As obras de infra-estrutura realizadas pelo setor privado nesses países segue o interesse específico das empresas que são as beneficiárias quase exclusivas dos investimentos feitos, especialmente em mineração, petróleo e gás. Fatores como falta de tradição em investimentos privados, debilidade no controle do governo pela sociedade civil e fragilidade nos mercados financeiros afetam as perspectivas dos investidores nos outros países da região.

"Nos nossos países, temos mantido políticas de governo, não de Estado", criticou o presidente do conselho da Camargo Corrêa, Vitor Hallack, um dos grandes investidores no continente. "A região segue sem políticas de estímulo ao investimento de longo prazo."

Para o presidente da Corporación Andina de Fomento, Enrique Garcia, embora a América Latina não tenha conseguido aproveitar as condições muito favoráveis na economia para ampliar investimentos (a taxa média na região é de 20% do PIB), os países da América do Sul conseguiram bons resultados, ao realizar acordo para dar prioridade conjunta a um número limitado de obras destinadas à integração de infra-estrutura regional. Nos últimos anos, entraram em execução 50 projetos, no valor de quase US$ 12 bilhões.

Para os empresários, fatores como a falta de regras claras e a corrupção endêmica em alguns governos são os principais responsáveis pelos obstáculos ao investimento. Algumas medidas ajudariam a combater esse tipo de problema, segundo a coordenadora de concessões do Ministério de Obras Públicas do Chile, Francisca Castro. Uma delas é a separação clara entre os responsáveis pelo planejamento das obras e seus executores. (SL)