Título: Petrobras produz 2% menos e lucro cai 36% em 2012
Autor: Schüffner, Cláudia; Polito, Rodrigo
Fonte: Valor Econômico, 05/02/2013, Empresas, p. B16

A Petrobras divulgou ontem um balanço sem surpresas, pelo menos positivas. Como era esperado, em 2012 a empresa produziu 2% a menos de petróleo do que no ano anterior e registrou queda de 36% no lucro líquido anual, que foi de R$ 21,182 bilhões ante os R$ 33,313 bilhões registrados em 2011. Comparando-se o quarto trimestre com o mesmo período do ano anterior, a Petrobras teve lucro líquido 53,4% maior, de R$ 7,74 bilhões, ante os R$ 5,04 bilhões. Corrigido pela inflação, é o pior resultado operacional num quatro trimestre desde 1999.

"Saiu o esperado. É uma pena ver o que fizeram com a Petrobras, privatizaram a empresa, criaram a PTbras e aí esta o resultado. É lamentável ver uma empresa do porte da Petrobras apresentar um resultado desses com o barril de petróleo acima de US$ 100", criticou o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE).

Ontem à noite os analistas se debruçavam sobre os números para entender o resultado. A reação do mercado na abertura da bolsa de valores hoje não deve ser boa. Às 11h a presidente da Petrobras, Graça Foster, apresenta e comenta o resultado.

A receita líquida da companhia subiu 12,5%, para R$ 73,4 bilhões, no quarto trimestre de 2012 frente o mesmo período de 2011. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, houve queda de 1%. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 15% no quarto trimestre de 2012 frente ao mesmo período de 2011, para R$ 11,94 bilhões, surpreendendo alguns analistas mais pessimistas.

Colocar em prática a política de preços do governo que obriga a estatal a subsidiar a gasolina e diesel para conter inflação custou R$ 22,93 bilhões em 2012. Esse foi o prejuízo da área de Abastecimento da companhia, resultado maior que o prejuízo da área em 2011, de R$ 9,95 bilhões. O maior prejuízo em 2012, segundo a petroleira, foram causados pelo aumentos nos custos com aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados, refletindo a depreciação cambial, e a maior participação de derivados importados no mix das vendas.

No quarto trimestre do ano do ano passado, a área de Abastecimento teve prejuízo de R$ 5,65 bilhões, resultado igual ao apresentado no terceiro trimestre de 2012.

A importação de derivados de petróleo pela Petrobras no quarto trimestre de 2012 alcançou 505 mil barris/dia. O volume representa uma alta de 28,2% em relação ao total importado pela estatal em igual período do ano anterior. No quarto trimestre de 2012, as vendas de gasolina no país cresceram 11,51% em relação a igual período de 2011, totalizando 610 mil barris/dia. Na mesma comparação, as vendas de diesel avançaram 8,95%, para 986 mil barris/dia. Já a importação de petróleo recuou 20,8% no quatro trimestre de 2012, em comparação ao período de outubro a dezembro do ano anterior, totalizando 301 mil barris/dia.

Na área internacional, a Petrobras fez uma baixa contábil no valor de R$ 464 milhões no resultado do quarto trimestre referente ao investimento na refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo a companhia, a redução no valor recuperável (impairment) desse investimento se deve a uma "revisão das projeções do fluxo de caixa" da unidade. A empresa também fez baixas no valor de R$ 294 milhões relacionadas "principalmente a campos de produção de petróleo e gás natural no Brasil".

Por outro lado ela reverteu ajustes negativos que tinha feito em exercícios anteriores também referentes a campos de exploração no brasil, no valor de R$ 224 milhões (que entram com efeito positivo para o resultado). Houve uma reversão de "impairment" de R$ 276 milhões ligada ao Complexo Petroquímico de Suape. Considerando baixas e reversões, a conta de "impairment" foi negativa em R$ 280 milhões no ano, ante uma perda de R$ 660 milhões em 2011. As baixas de poços secos cresceu 124%.