Título: País não faz pesquisa, diz Nobre
Autor: Chiaretti, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2007, Brasil, p. A6

"Não somos atores importantes nos estudos de mudanças climáticas." A frase de Carlos Nobre se refere ao baixo protagonismo da América Latina quando o assunto é o monitoramento físico e biológico das mudanças climáticas. Nobre apontava para um mapa-múndi e uma tabela com o número de estudos feitos nos últimos anos. Fora algo no Chile e Equador, o continente latinoamericano passa batido. "O Brasil é zero. Somos um enorme vazio de monitoramento do que está acontecendo", registrou. "A pergunta relevante é: se não há estudos, como podemos ter conclusões?", alertou.

A base dos estudos do relatório do grupo de trabalho 2 do IPCC vem da ciência européia. Dos 29 mil dados de observações, 28 mil são europeus. Não foi assim no grupo de trabalho 1, que veio a público em fevereiro, e onde mais de 50% dos estudos eram de norte-americanos. "Foi uma decisão de George Bush-pai, que queria mais precisão nos cenários das mudanças climáticas, disse. "Destinou-se mais verbas para pesquisa básica e menos para os impactos."

Segundo Nobre, talvez em cinco nos o Brasil consiga ter um bom mapa de vulnerabilidades às mudanças climáticas. Há luz no fim do túnel, acredita: "O governo federal está criando uma rede de pesquisa nacional para melhorar os modelos." (DC)