Título: Avaliação de Lula melhora apesar do caos aéreo
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2007, Política, p. A11

A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se invulnerável à crise aérea, que se arrasta há seis meses, e à demora na escolha dos novos ministros. O percentual de brasileiros que tem uma avaliação positiva do governo Lula atingiu o terceiro nível mais elevado desde a posse, em 2003, segundo revelou, ontem, a pesquisa do instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

O levantamento mostra que a avaliação positiva do governo em abril chega aos 49,5% (contra 43,6% do último estudo, de agosto de 2006). Essa avaliação só é superada pelos índices de janeiro de 2003 (56,6%) e maio do mesmo ano (51,6%). Segundo a pesquisa, 63,7% da população brasileira aprovam o desempenho pessoal de Lula à frente da Presidência da República. Em agosto de 2006, o índice estava em 59,3%. O resultado mantém a tendência verificada ao longo de todo o governo Lula. A popularidade do presidente sobe e desce à semelhança da aprovação do governo, mas o desempenho pessoal está sempre 15 pontos percentuais acima.

Nem mesmo a crise aérea, conseguiu afetar a avaliação do governo e de Lula. A pesquisa mostrar que 25,8% dos entrevistados apontam o governo federal como culpado pela crise deflagrada há seis meses, com o acidente do avião da Gol. A Aeronáutica (9,9%) e a Infraero (9,3%), estruturas ligadas a Lula, também receberam parcelas consideráveis de responsabilização pelo caos. Na lista dos culpados pela crise dos aeroportos, os controladores de vôo aparecem em segundo lugar, com 15,1%, e as companhias aéreas em terceiro, com 10,9%.

Desde novembro de 2005 a aprovação ao presidente e ao seu governo não param de crescer. "A crise aérea não afeta significativamente a imagem de Lula. A boa distribuição de renda, a geração de empregos e a economia estável deixam o presidente com popularidade em alta", diz Ricardo Guedes, diretor do Sensus.

O reflexo dessa avaliação aparece em outro item pesquisado: para 54,8% dos consultados, o segundo mandato de Lula será melhor do que o primeiro e apenas 19,6% crêem em piora. O otimismo atinge as expectativas em relação ao emprego, renda, saúde e segurança pública. O item, no entanto, que suscita mais otimismo dos entrevistados é a educação: 53,5% acham que a qualidade da educação no país vai melhorar.

Os programas sociais do governo são parte da explicação. De cada 10 entrevistados, seis disseram ser beneficiários dos programas ou conhecerem beneficiários. Desses, 66% os avaliam positivamente por ajudarem à população ou por induzirem desenvolvimento.

Dentro desse contexto de otimismo, 57,9% dos brasileiros que conhecem ou já ouviram falar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) acreditam que ele vai ajudar o país a crescer. O problema é o baixo índice de brasileiros informados sobre o programa: apenas 32,2%. Uma parcela bem superior dos entrevistados (44,5%) conhece o aquecimento global. Desses, 67% dizem ter muito interesse no tema.

Outra possível explicação sobre a popularidade do presidente e de seu governo é que, apesar de o emprego e a renda continuarem sendo a principal preocupação dos brasileiros, o percentual de entrevistados que os apontaram como o maior problema do país caiu de 36,6%, em abril do ano passado, para 26,3%.

A preocupação dos brasileiros com a segurança pública, foi o terceiro item mais citado e aquele em que houve o maior avanço nas preocupações dos brasileiros de abril até hoje. A pesquisa também mediu a aceitação da população de temas como a pena de morte e a redução da maioridade penal: 81,5% se manifestaram a favor de diminuir de 18 para 16 anos a idade para o menor responder legalmente por crimes cometidos. Na pena de morte, há uma tendência de alta. Em maio de 2003, 46,7% manifestaram-se favoravelmente e 49,7% contrários. Agora, esses índices se inverteram. Entre os entrevistados, apenas 12,4% disseram não conviver com violência nas cidades em que moram e 34,8% afirmaram morar em cidades 'violentas' e 'muito violentas'.