Título: Ex-acionistas do Maeda apostam na criação de 'complexos' de algodão
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2007, Agronegócios, p. B16

A TCMA Agropecuária, companhia formada por ex-acionistas e familiares do Grupo Maeda, um dos maiores em algodão no país, está se preparando para criar um complexo de produção de pluma na região de Uberlândia (MG) e outro do mesmo porte no oeste baiano, segunda principal região produtora do Brasil, atrás do Mato Grosso. "O Triângulo Mineiro mostrou-se uma área interessante para se investir em algodão. E conta a favor o fato de Minas Gerais ter de 'importar' o produto de outros Estados", diz Takashi Murakami, diretor do grupo.

Considerando que a região do Triângulo Mineiro atende nos últimos anos à vocação canavieira, os investimentos do TCMA são considerados audaciosos. Mas os Maeda não se intimidam pelo avanço da cana e já colocaram em prática a estratégia de expansão do grupo em algodão.

Nesta primeira fase, o grupo já aportou R$ 5 milhões - boa parte na construção de uma fábrica de beneficiamento de algodão, que será inaugurada em agosto, e o restante em armazenagem para os fardos. A segunda fase, estimada em R$ 6 milhões, contempla a construção de silos de soja e milho para 2008 para atender aos produtores de algodão que fazem rotação de cultura com esses grãos. Parte desses recursos também será destinada à ampliação da fábrica em construção.

Para 2009, o grupo planeja construir armazéns para açúcar, o que atende à forte demanda da região, que tem seu crescimento sustentado pela cana. "Nosso foco continuará no algodão", diz Edson Maeda, presidente do TCMA, tentando desvincular a imagem do grupo da forte onda de investimentos em etanol.

Para a safra 2007/08, o grupo estima que o faturamento fique em R$ 17 milhões, quase o triplo da safra anterior, de R$ 6,5 milhões, com crescimento justificado pela atual expansão. Formada no final de 2004, a TCMA é fruto da separação de acionistas do grupo Maeda, um dos maiores produtores de algodão do país, e que agora também tem usina de álcool. Os acionistas do novo grupo, liderados por Edson Maeda, são primos de primeiro grau de Jorge Maeda, controlador do grupo que leva o mesmo nome. A família Maeda chegou ao Brasil em 1927. Jorge e Edson são netos de Tsunezaemon Maeda, que, em 1929, deu origem ao grupo. "Queremos manter a tradição da família, que sempre teve vocação agrícola", diz Edson Maeda.

A TCMA iniciou o plantio da pluma em Minas há três anos. Neste ano, o grupo deverá dobrar a área plantada, dos atuais 1,1 mil hectares, e introduzirá um modelo de produção do Texas, nos EUA, conhecido como "stripper", cujo plantio e colheita ocorrem em lavouras adensadas, com custos até 25% mais baixos. A expectativa é de que o plantio na região atinja de 15 mil a 20 mil hectares em três anos e alcance 30 mil nos próximos cinco anos. Segundo Murakami, executivo pinçado do Grupo Maeda e que atuou por mais de 20 anos no mercado financeiro, a produção no Estado está estimada em 40 mil toneladas de pluma, para um consumo de 140 mil toneladas. "Temos grande potencial para avançar neste mercado", diz. Como o Estado "importa" o produto de outras regiões do país, os preços pagos pelo algodão do Estado tem um ágio de 9% sobre o indicador Cepea/Esalq.

A expansão da pluma do Triângulo Mineiro ocorrerá não somente com o plantio do grupo TCMA, mas com produtores locais que já estão sendo arregimentados para fazer parte do complexo. "Nossa intenção é montar uma cooperativa", diz Maeda. O empresário acredita que a cultura de algodão entrará em uma boa fase de preços, uma vez que o milho tem avançado sobre trigo e algodão por conta do etanol.

Para o oeste baiano, os planos da TCMA são ampliar a produção de algodão. A família já possui uma área de 2,3 mil hectares em São Desidério. A diversificação dos negócios do grupo ocorre em Tocantins, onde a família investirá em rebanho bovino, fruto do cruzamento das raças aberdin angus com nelore.