Título: Estudos sobre tráfego poderão ser refeitos
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2007, Brasil, p. A3

O governo estuda a hipótese de refazer os estudos de fluxo de tráfego nos sete lotes de rodovias federais que serão concedidos à iniciativa privada. Esses estudos fazem uma projeção da quantidade de veículos que passarão pelas estradas ao longo dos 25 anos de concessão e são essenciais para definir tanto o nível de investimentos necessários para manter a qualidade do asfalto quanto o valor das tarifas de pedágio para dar conta do trabalho. O grupo que avalia o processo de licitação, suspenso por prazo indeterminado em janeiro, considera os atuais estudos pouco confiáveis, principalmente em razão da metodologia adotada.

Segundo um técnico da área econômica que participa das discussões, a alternativa em análise é fazer um novo estudo com a contagem de veículos em todos os entroncamentos das estradas a serem leiloadas e nos pontos onde serão instaladas as cabines de pedágio. Com essas medições, seria possível identificar potenciais "pontos de fuga" (caminhos usados por veículos que querem escapar dos pedágios) e evitar a cobrança de tarifa para a utilização local das rodovias (quando motoristas percorrem poucos quilômetros da estrada, em geral para atividades dentro da mesma cidade, onde o custo do pedágio seria excessivamente oneroso).

A realização de novos estudos ainda não foi decidida, mas desperta temores no setor privado, que prevê um longo atraso do leilão caso isso ocorra. "Seria muito negativo", diz o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Esses estudos não demoram menos de quatro meses para serem feitos e precisam levar em conta os efeitos da sazonalidade sobre o tráfego nas rodovias, o que pode estender os trabalhos por até 12 meses.

Quanto às mudanças estudadas para as regras do leilão, Godoy afirma que "o sistema de habilitação que estava previsto no edital é absolutamente aberto e certamente haverá muitos participantes". "Basta garantir um modelo competitivo, com responsabilidade, que o mercado propiciará um equilíbrio de preços", diz. (DR)