Título: Em linha com o mercado, Copom mantém Selic em 7,25% ao ano
Autor: Izaguirre , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2012, Brasil, p. A2

O Banco Central confirmou as expectativas do mercado e manteve a taxa básica de juros da economia brasileira em 7,25% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade, foi anunciada na noite de ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição. A manutenção veio após dez cortes consecutivos, que representaram uma redução de 5,25 pontos percentuais na taxa básica de juros.

"Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear", informou o Copom em comunicado emitido ao fim da reunião. O conteúdo principal do comunicado foi idêntico ao da reunião de outubro e sinaliza uma Selic estável por longo período. Na avaliação de analistas, a estabilidade pode seguir pelo menos até fim de 2013.

A ata da reunião anterior, divulgada em 18 de outubro, indicava o fim do ciclo de reduções iniciado em agosto do ano passado, quando o Copom deu uma guinada e, após um período de elevação da taxa, deflagrou um processo de afrouxamento monetário para minimizar os efeitos recessivos da crise internacional sobre a economia do país. O documento revelou que os cinco diretores do BC que votaram a favor do patamar de 7,25% ao ano, em 10 de outubro, trataram a decisão como "um último ajuste nas condições monetárias".

A posição dos outros três membros também já indicava que o comitê não voltaria a reduzir a Selic em novembro. Votos vencidos, eles tinham defendido, na reunião de outubro, que a taxa ficasse em 7,5% ao ano. Por eles, portanto, o ciclo de reduções teria terminado até antes do que terminou.

Em função da ata e do comportamento de indicadores econômicos, o mercado já apostava que a Selic ficaria em 7,25% ao ano. A expectativa foi apontada pela mediana das projeções colhidas pelo Banco Central para a edição da pesquisa Focus divulgada na segunda-feira.

O resultado da pesquisa feita pelo Valor Data na semana passada não foi diferente. Os 35 economistas consultados disseram esperar manutenção da taxa básica de juros em 7,25% ao ano, o menor nível da Selic desde que a política monetária brasileira passou a ter como diretriz o regime de metas para inflação, em 1999.

A grande dúvida, a partir de agora, é por quanto tempo a taxa permanecerá no atual patamar. A mediana da pesquisa Focus, feita pelo BC com analistas de aproximadamente uma centena de empresas, financeiras e não-financeiras, projeta mudança somente em janeiro de 2014, ocasião em que a Selic subiria para 7,75% ao ano. Pela projeção do Focus, o juro básico ficaria onde está ao longo de todo o ano de 2013, portanto.

Entre os economistas ouvidos pelo Valor Data, 20 também acham que a taxa ficará inalterada durante todo o ano que vem. Dos outros 15, um não quis arriscar palpite, 13 esperam aumento ainda no próximo ano, para no máximo 9% ao ano, e um acha que, após a parada de hoje, o Copom voltará a cortar o juro básico em 2013, para 7% ao ano.

O Copom interrompeu o processo de redução da Selic diante de um cenário que, pelas projeções de mercado, combina aceleração do nível de atividade com resiliência da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em relação à qual o governo estabeleceu meta de 4,5% para este e o próximo ano. A mediana da pesquisa Focus indica que o IPCA fechará 2012 com variação de 5,43% e de 5,4% em 2013. Medida em 12 meses, a inflação efetivamente observada do IPCA subiu de 5,28% para 5,45% na comparação dos períodos encerrados em setembro e outubro de 2012.

Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções da mesma pesquisa indica que o mercado espera crescimento de 1,5% este ano e de 3,9% no ano que vem.

O IBC-Br, indicador apurado pelo Banco Central, já detectou uma sensível aceleração do nível da atividade econômica no terceiro trimestre deste ano. O índice - que serve para a autoridade monetária tentar antecipar a tendência do PIB - acusou crescimento econômico de 1,15% na comparação com o trimestre anterior, avanço equivalente a um ritmo anual de 4,67%. Isso representou aceleração pois, do primeiro para o segundo trimestre, o IBC-Br tinha crescido, segundo números revisados, apenas 0,61%, o correspondente a uma variação anual de 2,46% de apenas.