Título: Analistas projetam PIB de 1,2% no 3º tri
Autor: Machado , Tainara
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2012, Brasil, p. A3

As medidas adotadas pelo governo para estimular o consumo e, com isso, reativar a produção da indústria, tiveram efeito mais pronunciado no terceiro trimestre, na avaliação de economistas ouvidos pelo Valor, e contribuíram para que a economia mostrasse retomada mais forte no período. A média das projeções de 11 consultorias e instituições financeiras coletadas pelo Valor Data é de expansão de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) entre o segundo e o terceiro trimestres, feitos os ajustes sazonais. A estimativa embute forte aceleração da economia em relação ao crescimento de 0,4% observado entre abril e junho e, se confirmada, reforça o discurso das autoridades econômicas de que a economia ganhou tração recentemente. As projeções variam de alta de 0,9% a avanço de 1,3% no trimestre. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado amanhã.

Para analistas, ocorreu um equilíbrio maior entre as forças que impulsionaram o avanço da atividade no período, com contribuições positivas dos três componentes pelo lado da oferta: indústria, serviços e agropecuária. Já o consumo das famílias também seguiu firme, com estimativas entre avanço de 0,7% e 1,5%, influenciado por estímulos tributários e condições ainda bastante favoráveis do mercado de trabalho. A nota negativa, mais uma vez, deve vir dos investimentos. A projeção é que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e equipamentos e na construção civil) tenha recuado 1% entre julho e setembro, amargando assim o quinto trimestre consecutivo de retração dos investimentos.

De acordo com os cálculos do Bradesco, entre julho e setembro a economia brasileira cresceu 1,2% em relação ao segundo trimestre. Esse número, se confirmado, será a taxa de expansão mais forte da economia desde o segundo trimestre de 2010, quando o PIB avançou ligeiramente mais, 1,3%.

Para Robson Pereira, economista do Bradesco, os estímulos adotados pelo governo para reativar a produção industrial, principalmente a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, favoreceram a normalização dos estoques e o aumento da atividade nas fábricas no período. Pereira projeta que, no PIB, o segmento industrial terá alta de 0,5% na passagem trimestral, avanço apenas um pouco menor do que o do setor de serviços, com crescimento esperado de 0,8%. Essa retomada mais "equilibrada" vai diminuir o descompasso entre os dois ramos de atividade. O setor de serviços, motor da economia no período recente, avançou 1,6% nos quatro trimestres encerrados em junho, enquanto a indústria, com dificuldades de competitividade, recuou 0,4% no período.

Marcelo Arnosti, economista-chefe da BB-DTVM, afirma que as medidas de estímulo, aliadas ao crescimento da renda e da população ocupada no período, também contribuíram para que a demanda interna se acelerasse. O economista projeta alta de 1,4% do consumo das famílias no período. O setor externo, que pesou no último trimestre, agora deve contribuir com 0,5 ponto percentual de crescimento. Para Arnosti, as importações recuarão 1%, condizente com cenário de avanço ainda muito modesto dos investimentos, que costumam ser grandes demandantes de produtos importados.

Para Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, o investimento repetiu no terceiro trimestre a queda de 0,7% verificada entre abril e junho. "O investimento só deve se recuperar no quarto trimestre, quando teremos um avanço forte, de cerca de 4% sobre o terceiro trimestre", afirma.

Aurélio Bicalho, do Itaú, projeta alta de 1% do investimento no último trimestre do ano, mas é cauteloso ao afirmar que os projetos não deslancham com mais rapidez porque o ambiente externo segue conturbado e há dúvidas em relação ao desempenho da economia com a retirada dos incentivos.