Título: Líder na reciclagem de latas, Aleris avalia novos mercados
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2007, Empresas, p. B8

Poucos conhecem a americana Aleris no Brasil, mas essa gigante mundial tem mais da metade de seu faturamento de vários bilhões de dólares originário na reciclagem de sucatas de alumínio - desde latinhas para bebidas a autopeças e até panelas velhas. Líder global nessa atividade, também recicla sucatas de zinco.

Criada há pouco mais de dois anos, de uma fusão bilionária nos Estados Unidos, a Aleris é também a maior recicladora de latinhas de alumínio no Brasil. Isso foi possível com a aquisição em agosto de 2005 de ativos da Tomra-Latasa, em Pindamonhangaba (SP). Como já contava com uma fábrica na mesma cidade, do outro lado da rua, adquirida em 2001, sua capacidade subiu a quase 100 mil toneladas por ano.

A grosso modo, a Aleris no Brasil recebeu sucata de 8 bilhões de latinhas de alumínio por ano, do total de 10,8 fabricadas no país em 2006, e as transformou em alumínio líquido que virou novas latas. O metal é beneficiado em finíssimas chapas na laminação da Novelis, ex-Alcan, única empresa no país que faz chapas para fabricar latas e é a segunda maior recicladora da embalagem no país.

O Brasil é campeão mundial de recuperação de latinhas - mais de 96% em 2005 -, superando países como Japão, Argentina, Estados Unidos e países europeus. No ano, Rexam, Latapack e Crown Cork fabricaram 132,6 mil toneladas.

Agora, explica Paulo Geraldo Corrêa, executivo de 36 anos que assumiu o comando da empresa no fim de 2006, a Aleris tem planos de entrar em outros segmentos no Brasil, aproveitando-se de seu expertise mundial. No momento, a empresa realiza um estudo de viabilidade econômica para reciclar outros tipos de sucatas de alumínio no país.

Para o jovem executivo, que fez grande parte de sua carreira na própria empresa (ainda como Latasa e depois Tomra), a companhia dispõe hoje, depois da aquisição da divisão de laminação e extrusão de alumínio da siderúrgica Corus no ano passado, de um amplo portfólio de produtos. A fabricante de jatos Embraer é um de seus maiores clientes de ligas especiais usadas na fabricação da fuselagem de suas aeronaves.

Também com a missão de popularizar a marca da Aleris no país, Corrêa disse que a estudo de expansão no Brasil pode contemplar uma expansão de 40% na atual capacidade de fundição da empresa (98 mil toneladas) em suas instalações de Pindamonhangaba. "Nossa estratégia de crescimento passa pela diversificação, para não ficar só dependente da lata", afirmou. A idéia é atender o segmento automotivo e o de duas rodas. Este último cresce a taxas de 20% ao ano.

A idéia é reciclar sucatas de alumínio como blocos de motores, cabos, perfis, autopeças e até panelas velhas, as quais serão fundidas em um forno dedicado para aos dois segmentos. Estima-se que um investimento desse porte é de pelo menos US$ 4 milhões e leva pelo menos meio ano para implantar.

Com 240 funcionários no país, a Aleris obteve no ano passado vendas líquidas de US$ 135 milhões. Cerca de 60% da operação é resultante da compra e fundição de latas usadas e 40% da venda desse serviço (tolling) a terceiros. "Assim, não ficamos totalmente dependentes do mercado de sucata e garantimos fluxo de caixa para os custos fixos", diz o economista com especialização em finanças.

A reciclagem de latinhas movimentou R$ 1,6 bilhão no país em 2005 - R$ 500 milhões via coleta.