Título: PIB latino cresce 6% neste ano
Autor: Verdini, Liana
Fonte: Correio Braziliense, 14/12/2010, Economia, p. 16

conjuntura Desempenho da região será puxado por Brasil, Argentina e Paraguai. Em 2011, porém, o avanço será bem menor, ficando, na média, em 4,2%

A América Latina deverá crescer 6% este ano, mas não vai repetir o feito em 2011. Pelas estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), no próximo ano a expansão econômica será de 4,2%, consequência do desempenho mais tímido das atividades produtivas nos países do Mercosul ¿ Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai ¿ além de México, Peru e República Dominicana.

Segundo Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, as medidas anticíclicas adotadas por vários países para enfrentar a crise financeira internacional ¿impactaram positivamente o crescimento econômico, o que permite estimar um aumento de 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) por habitante para este ano¿, calculou ela.

Na região, o país que encerrará 2010 com maior crescimento será o Paraguai, com expansão de 9,7%, seguido por Uruguai (9%), Peru (8,6%) e Argentina (8,4%). O Brasil, pelas contas da Cepal, deverá ter seu Produto Interno Bruto (PIB) valorizado em 7,7%. Já Haiti e Venezuela terminarão o ano com redução em seus PIBs, de 7% e de 1,6%, respectivamente.

As boas notícias não param por aí. Segundo Alicia, o repique econômico também teve reflexos nos índices de emprego deste ano, fazendo a taxa de desocupação diminuir para 7,6%, frente aos 8,2% de 2009. ¿E melhorou a qualidade dos postos de trabalho gerados¿, avaliou ela.

Com a atividade econômica mais aquecida, a Cepal reconhece que houve um aumento da inflação, que passou de 4,7% em 2009 para 6,2%, na estimativa dos economistas, puxada ¿fundamentalmente pelo comportamento dos preços internacionais de alguns produtos básicos¿, detalha o informativo da Cepal.

Futuro A Comissão avalia que uma combinação de fatores freará o crescimento da região em 2011: um cenário menos otimista da economia internacional, um menor impulso sobre a demanda devido a políticas públicas mais contidas e à redução da capacidade ociosa de produção. ¿O ambiente externo mantém altos níveis de incertezas sobre a solidez da recuperação das economias desenvolvidas, especialmente das europeias¿, avalia o informativo. ¿Isso somado ao fortalecimento dos países emergentes, especialmente da América Latina e do Caribe, o que tem gerado um maior fluxo de capitais para a região e apreciações de suas moedas¿. Para a Cepal, esse fluxo não representaria um perigo para o crescimento.

¿Mas no longo prazo os efeitos podem ser profundamente negativos¿, escreve a Comissão, que recomenda complementar as medidas de restrição à entrada de capitais ¿com estratégia anticíclica na área fiscal e financeira, visando diminuir a demanda interna e impedir um aumento excessivo do crédito¿.

Importações aceleradas

Cristiane Bonfanti

A supervalorização do real frente ao dólar deve continuar a ser um banho de água fria para o comércio exterior no próximo ano. Se, por um lado, as exportações no Brasil alcançaram US$ 188,269 bilhões de janeiro até a segunda semana de dezembro, 31% a mais que no mesmo período do ano passado, por outro, o ritmo de crescimento das vendas ao exterior já é bem menor do que o das compras. Entre os dias 6 e 12 de dezembro, a balança comercial atingiu superavit de US$ 866 milhões. No entanto, a média das exportações foi 3,4% maior em relação à primeira semana do mês enquanto as importações cresceram 7,2%. Com isso, 2011 chegará trazendo preocupações para os empresários.

¿Os nossos principais desafios no ano que vem são o câmbio valorizado, a agregação de valor às mercadorias e a melhoria na gestão das empresas por meio de inovações tecnológicas¿, admitiu o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Alessandro Teixeira, que foi um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência e é cotado para assumir o cargo de secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

As exportações das empresas apoiadas pela Apex chegaram a US$ 26,8 bilhões de janeiro a outubro deste ano ¿ 16,43% do total de R$ 163,3 bilhões vendidos pelo Brasil no período.