Título: UE divulga proposta de maior integração econômica
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Fonte: Valor Econômico, 29/11/2012, Internacional, p. A19

A Comissão Europeia (CE) revelou ontem planos para promover uma grande reforma estrutural na zona do euro. Entre as principais propostas constam a criação de um orçamento comum para todo o bloco da moeda única e a emissão conjunta de títulos de dívida.

Num documento de cinco páginas classificado como "diagrama" para a formação de uma "profunda e genuína" união econômica e monetária, José Manuel Barroso, o presidente da CE, o braço executivo da União Europeia (UE), afirmou que os 17 países da zona do euro precisam de meios para uma integração mais forte e rápida do que as demais 10 nações que integram a comunidade.

Barroso definiu três prazos para a implementação das suas propostas: aquelas que podem ser concluídas num prazo de 6 a 18 meses; aquelas que precisarão de 18 meses a 5 anos; e aquelas que somente poderão ser realizadas a partir de 2018, no estágio final da união monetária.

Muitas das ideias de curto prazo vêm sendo discutidas há vários meses ou já estão em fase de adoção, após terem sido apresentadas em outubro pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e endossadas pelos líderes da UE.

O projeto apresentado por Barroso, no entanto, inclui propostas mais radicais, revivendo ideias apresentadas no auge da crise da dívida, em 2011 e no começo deste ano, mas que encontraram forte oposição da Alemanha.

Essas ideias incluem a emissão conjunta de títulos pelos países da zona do euro, um processo que na prática faria com que os 17 Estados-membros subscrevessem as obrigações uns dos outros. "Uma profundamente integrada estrutura de governança econômica e fiscal poderia permitir a emissão de dívida pública, a qual fortaleceria o funcionamento dos mercados e a condução da política monetária", disse Barroso.

A proposta de Barroso, que procura determinar o tom para a tradicional cúpula de fim de ano dos líderes europeus, marcada para os dias 12 e 13, deve encontrar resistência dentro do bloco.

Especialistas dizem que uma União Europeia de duas "velocidades", na qual um grupo nuclear se integra em ritmo mais rápido, ameaça isolar Estados-membros que não fazem parte do euro, dos quais o principal é o Reino Unido. Essa questão de uma UE com duas velocidades se tornou nos últimos anos um tema delicado, à medida que os países da zona do euro fortaleciam seus laços para combater a crise financeira que atravessam.

Ao mesmo tempo, alguns países da zona do euro têm resistência a ceder parte de sua autoridade a Bruxelas, sede da UE. Outro foco de divergência está na emissão conjunta de títulos de dívida. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, já declarou que propostas desse tipo "caminham na direção errada".