Título: Conciliamos qualidade e rapidez, diz diretor da EBP
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2013, Brasil, p. A3

A gente sabe que também erra", reconhece o diretor-geral da EBP, Hélcio Tokeshi, ao comentar as estimativas de crescimento da economia e da demanda nos estudos de concessões de infraestrutura. Ele ressalta, no entanto, dois aspectos: todos os estudos são discutidos em audiências públicas e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), considerada otimista demais por investidores privados, é apenas uma das "50 ou cem variáveis importantes" nos trabalhos.

Para o cenário macroeconômico, usam-se basicamente estimativas do próprio governo para o PIB no longo prazo. Mas os trabalhos vão muito além disso: contemplam projeções de investimentos necessários para cumprir obras exigidas nos contratos e até a depreciação das instalações concedidas. Em última instância, conforme lembra Tokeshi, as premissas adotadas pela EBP - usadas somente se o governo aceitar os estudos - são apenas o ponto de partida das licitações e os grupos privados também fazem suas próprias contas para definir se participam ou não das disputas.

"A robustez e a qualidade dos estudos também são de interesse dos nossos acionistas", emenda Tokeshi, ex-secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, ao lembrar que muitos projetos concedidos à iniciativa privada têm financiamento dos mesmos bancos que são sócios da EBP e não querem crédito ruim em suas carteiras.

A EBP é uma empresa enxuta, com menos de 20 funcionários, mas coordena e faz a integração dos estudos que são realizados por suas prestadoras de serviço. "Somos poucos, mas somos muito bons em duas coisas: integração e gestão das partes interessadas. Não é fácil colocar na mesma sala advogados, economistas, engenheiros e contadores", afirma.

De acordo com Tokeshi, a EBP nunca se oferece aos governos para fazer os estudos. "É sempre iniciativa dos governos nos procurar", diz. Para ele, a empresa não tem monopólio e "qualquer um pode entrar" na apresentação de estudos alternativos, mas "fica meio óbvia" a preferência dada recentemente à EBP. E menciona uma razão concreta para isso: "Conseguimos conciliar qualidade com alta velocidade."

De fato, apesar dos prazos apertados, a empresa entregou em dia os estudos para as concessões de três aeroportos - Guarulhos, Viracopos e Brasília - e para os sete novos lotes de rodovias, enquanto havia desconfiança no mercado de que o cronograma fosse desrespeitado. Tokeshi destaca ainda que o trabalho da EBP envolve riscos. Como o pagamento pelos estudos só é feito após a assinatura do contrato de concessão, ela coleciona casos em que jamais recebeu pelo serviço, como a modelagem da BR-101 (no Espírito Santo) e de três corredores de ônibus em Belo Horizonte.

Tokeshi define o que é a EBP em uma frase: "Somos uma empresa privada de interesse público."