Título: PMDB ficará com presidência da CPI e PT, com relatoria
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2007, Política, p. A13

A CPI do Apagão Aéreo da Câmara será instalada às 15h de hoje. Exatos 65 dias depois de protocolado o requerimento com pedido de abertura da comissão, a oposição enfim conseguirá colocá-la para funcionar. Até o fim da noite de ontem, os partidos da base aliada ainda negociavam seus indicados para compor o colegiado. PMDB e PT, respectivamente responsáveis pela presidência e pela relatoria, tiveram os maiores problemas na escolha dos nomes.

Até às 20h20 de ontem, apenas PSDB, DEM, PPS, P-SOL, PDT, PP, PR, PV e PTB haviam indicado seus integrantes, apesar do apelo do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de que o processo fosse concluído até a meia-noite. Chinaglia confirmou aos líderes que a CPI será instalada hoje, com a escolha do presidente e do relator. As grandes dúvidas pairavam sobre o PMDB. Donos da maior bancada da Câmara, os pemedebistas não abriram mão de indicar o presidente da CPI. E usaram o cargo para pressionar o governo. Com a iminência de o Palácio do Planalto escolher os ocupantes do segundo escalão, os pemedebistas rifavam ontem o posto de presidente.

Se fossem atendidos a contento, indicariam deputados fidelíssimos ao governo. Caso contrário, poderiam escolher figuras mais "independentes". Um pemedebista chegou a brincar com o fato. "Há uma lista de nomes do bem e outra do mal, do ponto de vista do governo. Esta última poderia ter o Ibsen (Pinheiro) como indicado à presidência da CPI", disse, referindo-se ao deputado gaúcho da bancada.

A relatoria ficará com o PT, outro partido com dificuldades de definir os nomes. "Tem mais gente interessada do que vagas", disse o vice-líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS). A legenda tem quatro postos na comissão (e mais quatro suplências) e 15 candidatos. Embora tenha se falado sobre os petistas ficarem com a presidência da CPI, a legenda não fez cavalo de batalha pelo posto. A sigla tem o entendimento de que a relatoria, no fim das contas, tem mais importância do que a presidência. Cabe ao relator decidir sobre indiciamentos de eventuais responsáveis pelo caos do sistema aéreo nacional.

Em dificuldades de fazer as indicações, o líder do partido, Luiz Sérgio (RJ), se reuniu com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, no fim da tarde de ontem. O nome mais cotado para relatoria é o de Marco Maia (RS).

O gaúcho teria de passar pelo aval do governo. O Palácio do Planalto pediu aos partidos da base aliada para indicarem deputados pouco interessados nos holofotes da CPI, de perfil mais técnico. O líder do PP, Mário Negromonte (BA), afirmou que indicaria "apenas deputados que sofrem de fotofobia". O PTB, por exemplo, não pôde nomear seu especialista em CPIs, Arnaldo Faria de Sá (SP). O deputado tem votado reiteradas vezes contra a orientação do Palácio do Planalto e, tradicionalmente, adota estilo pirotécnico nas CPIs. O Planalto não quer chamar a atenção para as reuniões da comissão.

A pressão do PSDB no sentido de conseguir um dos cargos de direção não teve consequências práticas. Os governistas lembraram que, nos oito anos de administração Fernando Henrique Cardoso, todas as comissões de inquérito foram controladas por PSDB e PFL (hoje DEM).

Foram indicados titulares da comissão os deputados Nelson Meurer (PP-PR), Beto Mansur (PP-SP), Paes Landim (PTB-PI), José Carlos Araújo (PR-BA), Wolney Queiroz (PDT-PE), Fernando Gabeira (PV-RJ), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Vanderlei Macris (PSDB-SP), Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), Solange Amaral (DEM-RJ), Vic Pires Franco (DEM-PA), Vitor Penido (DEM-MG), Geraldo Thadeu (PPS-MG) e Luciana Genro (P-SOL-RS).