Título: Sinais de mudança agradam empresários
Autor: Góes, Francisco e Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2007, Brasil, p. A3

O discurso do novo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na cerimônia de transmissão de cargo, ontem, na sede do banco, agradou a empresários de diferentes segmentos da indústria. O presidente da Gradiente, Eugênio Staub, avaliou que, na gestão de Coutinho, haverá maior foco em setores nos quais há maior valor agregado intelectual, caso do software, telecomunicações e informática.

"Seria difícil achar alguém mais preparado para este cargo. O cargo encaixa (em Coutinho) como uma luva, então vai dar certo", apostou Staub. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, destacou a visão "moderna" de Coutinho, e do que representa a inovação tecnológica para o futuro da indústria brasileira: "A chegada de Coutinho (ao BNDES) marca o engajamento maior do banco nos objetivos da política industrial. O BNDES é um instrumento de política industrial, mas tem condições de pensá-la e de corrigir rumos", disse Monteiro.

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, a quem o BNDES responde, disse que o banco precisa acelerar seus processos internos, diminuindo a burocracia para que as empresas tenham seus recursos liberados de forma mais ágil. "É preciso mudar um pouco esse processo de aprovação de projetos no banco. Deve ser mais rápido", afirmou Jorge.

Carlos Napoleão, da Construtora Norberto Odebrecht, disse que a gestão de Coutinho deve enfatizar a linha desenvolvimentista. "Os desembolsos devem ser incrementados", apostou. Newton de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), lembrou que, tradicionalmente, 50% a 60% das máquinas no Brasil são financiadas com recursos do BNDES via agentes financeiros. "Se houver mudança no banco, será para melhor, para agilizar a pulverização dos financiamentos".

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), avaliou que Coutinho pode ser uma voz no governo para mostrar que eventuais políticas que o Estado deseja implementar terão dificuldades de serem efetivadas se o câmbio for mantido no patamar atual. Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), disse que Coutinho chega ao banco com uma missão relacionada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com uma orientação pró-desenvolvimento. "É bem-vindo." (FG e APG).