Título: Exportador de carne bovina vai investir R$ 4,2 bi até 2012
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 01/05/2007, Agronegócios, p. B11

Até 2012, os investimentos na infra-estrutura da indústria exportadora de carne bovina do país deverão totalizar R$ 4,2 bilhões, segundo projeção de Miguel Graziano Russo, diretor do frigorífico Independência e da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec).

Os investimentos atuais nessa área - incluindo novas plantas, ampliação e modernização de unidades e transporte - somam R$ 9,6 bilhões, sendo que os cinco maiores frigoríficos do país respondem por aportes de R$ 4,2 bilhões. "O avanço da pecuária brasileira fez as empresas correrem para acompanhar esse crescimento", afirmou Russo.

As projeções para 2012, que Russo admite serem "conservadoras", consideram que o abate de animais cuja carne é destinada à exportação será de 44 milhões de cabeças por ano naquela data. Isso significa exportações de cerca de 2,9 milhões de toneladas equivalente-carcaça.

Hoje, os frigoríficos exportadores abatem 30,6 milhões de cabeças ao ano com vistas ao mercado externo - em 2006, as vendas aos exterior somaram 2 milhões de toneladas equivalente-carcaça. A produção de carne bovina no Brasil é de 8,95 milhões de toneladas.

As projeções, baseadas em dados dos próprios associados da Abiec e apresentadas durante o Congresso Internacional da Carne, na sexta-feira, mostram uma evolução impressionante dos investimentos na infra-estrutura da indústria exportadora de carne desde a década de 80. Naquela época, os frigoríficos abatiam apenas 10 mil cabeças por dia destinadas à exportação, e os volumes embarcados somavam 191 mil toneladas na média anual. No período, os investimentos são estimados em R$ 960 milhões. Já na década de 90, com abates anuais de 15 mil cabeças para produção de carne para o mercado externo - com embarques de 297 mil toneladas, na média anual -, os aportes são projetados em R$ 1,5 bilhão.

Miguel Graziano Russo explicou que todas as projeções, inclusive as de décadas passadas, se baseiam em um custo previsto de R$ 94 milhões para a construção de uma unidade de abate de 1 mil cabeças por dia e aquisição de carretas para transporte.

Para o diretor do Independência, com o ganho de produtividade da pecuária visto nos últimos anos, frigoríficos que ainda não exportam terão de investir para também fazê-lo. O motivo é que com o ganho de produtividade haverá um maior excedente de carne bovina exportável, que se ficar no mercado interno derrubará os preços no segmento.

Atualmente, com um rebanho da ordem de 204 milhões de cabeças, a taxa de abate no Brasil é de 22%, ou 45 milhões de animais. Uma projeção considerando a manutenção do rebanho e ganho de produtividade de um ponto percentual ao ano levaria a um abate de 55 milhões de cabeças em 2012, ou 27% do rebanho. Nesse caso, os números se referem ao rebanho abatido tanto para o mercado doméstico quanto para a exportação.