Título: Previdência e validação de diplomas dificultam trânsito de mão de obra no Mercosul
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2013, Brasil, p. A3

Os países do Mercosul vão discutir, em reunião neste semestre, um plano para facilitar o trânsito de trabalhadores dentro do bloco. Desde 2009 há um acordo de livre residência que permite a moradia e o trabalho, por exemplo, no Brasil, de pessoas nascidas na Argentina. Mas, na prática, ainda há obstáculos.

Um dos problemas está na área de previdência social, cujas regras não são iguais nos vários países, explicou o presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), Paulo Sérgio de Almeida.

Outra barreira é a validação de diplomas estrangeiros nos países do bloco, pois isso depende de intensa troca de informações e inscrição em conselhos profissionais. "Legalmente o trânsito é livre, mas na prática os trabalhadores de fora não estão ainda em situação de igualdade com os trabalhadores locais", disse. O plano que será discutido vai "construir políticas para superar esses obstáculos", afirmou.

Almeida disse ainda que é errada a ideia de que, com o trânsito dos trabalhadores dentro do bloco facilitado só viriam para o Brasil profissionais sem qualificação dos outros países do Mercosul. "A lista é diversificada. Sei que há uma demanda pelo ingresso de médicos, mas na prática isso não ocorre por causa das dificuldades", frisou.

Também há no Brasil, segundo Almeida, muito espaço para estrangeiros no setores de serviços, hotelaria e agências de turismo, "áreas em que ter gente de outro país é importante para o negócio", afirmou.

Brasileiros que vão trabalhar nos países do Mercosul também serão beneficiados pelo plano. Segundo Almeida há grande interesse nesse fluxo de profissionais, como os que atuam no ramo do agronegócio no Paraguai, que inclui "desde grandes a pequenos produtores rurais", além de trabalhadores no comércio.

Os efeitos da medida no mercado de trabalho ainda foram avaliadas. "Não sei se aumentaria o número de imigrantes desses países no Brasil ou do Brasil para esses países, mas certamente esses imigrantes teriam uma situação melhor", disse. Isso porque, em alguns casos, um profissional de alta qualificação, explica, "acaba aceitando empregos em que ele não consegue aproveitar toda a sua capacidade." (TR)