Título: Tecnologias impulsionam produtividade na indústria
Autor: Cezar, Genilson
Fonte: Valor Econômico, 01/05/2007, Caderno Especial, p. F1

Investir em tecnologia não é uma questão de luxo para as empresas do setor de celulose e papel. Trata-se de um requisito necessário à sobrevivência. Dentro do mercado internacional, a empresa que não se atualiza está fadada a perder clientes e market share em curto tempo. Essa é a opinião de Alberto Mori, presidente da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP). Segundo ele, para as empresas líderes que disputam o ambiente mundial, o assunto revela-se ainda mais decisivo: a tecnologia passa a ser o diferencial que permite manter os concorrentes afastados e diminuir os custos de produção, oferecendo então preços mais competitivos.

O resultado de uma pesquisa bem feita pode ser um dos fatores que decidem entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento. "No nosso setor, o investimento em P&D está na faixa de 3 a 5% do faturamento bruto da empresa, o que é um montante significativo para a indústria nacional", explica Mori. Mas em que são aplicados prioritariamente os recursos?

A resposta está numa enquete realizada com 242 fornecedores expositores presentes no Congresso ABTCP-TAPPI, em outubro de 2006. O quadro pintado pelos entrevistados é otimista, apontando expectativa de crescimento dos investimentos próprios e de maior participação no mercado global. Segundo a pesquisa, o setor de celulose e papel no Brasil terá uma expansão tecnológica prioritariamente nas áreas de processo (41% dos entrevistados) e meio ambiente/reflorestamento (30%), enquanto produtos representam 24% das opiniões.

Todo plano de crescimento futuro requer uma aposta em investimentos no presente. É por essa razão que a Klabin resolveu aplicar R$ 2,2 bilhões em suas instalações na cidade de Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR). Desde o nome do projeto, batizado de MA-1100, mostram-se os objetivos de expansão. A nova estrutura já projeta o aumento da capacidade de produção da fábrica de papéis e cartões de 700 mil toneladas por ano para 1.100 milhão de toneladas por ano.

Sendo a maior fábrica de papéis do país, sua ambição é, sem titubear, o mercado externo. O plano é constar entre as dez maiores fábricas de papel do mundo, colocando a empresa como a sexta maior fabricante mundial de cartões de fibras virgens.

Neste mês, chegaram à unidade duas peças do descascador da nova linha de processamento de madeira, fabricado na Estônia. Trata-se do maior equipamento do gênero já produzido pela Metso, fornecedora da Klabin, e o segundo maior do mundo. Por meio dele, as cascas e resíduos provenientes do processo serão usados como suprimento de biomassa para geração de energia. "Isso significa que teremos uma economia de 70 MegaWatt/hora, que passam a ser gerados por caldeira de alta pressão", diz Francisco Razzolini, diretor do Projeto MA-1100 da Klabin. Essa caldeira, equipamento térmico estado de arte do fabricante Babcock Power Espanha, representa um "salto tecnológico", segundo ele. A estrutura está 60% instalada e deve entrar em plena operação no mês de novembro.

Outra novidade, necessária para evitar o impacto ambiental na região está no novo método de tratamento terciário de efluente, para garantir a qualidade da água que vai retornar à bacia do rio Tibagi, à beira das instalações paranaenses da Klabin. O sistema de ultrafiltragem permitirá, segundo informações da empresa, reter partículas da ordem de 80 micra.

A implantação do projeto MA-1100 tem impactos sociais e fiscais sobre a região do Paraná. As estimativas apontam para a criação de até 4,5 mil empregos, com a arrecadação de R$ 350 milhões em impostos e o pagamento de R$ 13 milhões por ano em salários.

Algumas inovações da indústria de celulose e papel foram mostradas no início de março, durante o III Colóquio Internacional sobre Celulose de Eucalipto (ICEP), em Belo Horizonte, que reuniu cerca de 320 participantes de 17 países. Durante o evento, foi apresentada uma inovação desenvolvida para o pátio de madeira da VCP, o analisador online (NIR - Infravermelho Próximo), utilizado na esteira de cavacos que alimenta o digestor. A novidade fornece, em tempo real, dados sobre a densidade e umidade dos elementos transportados, permitindo a otimização do processo de cozimento, com redução de consumo específico de madeira e a variação no grau de cozimento.