Título: Cotações da celulose devem manter-se altas
Autor: Cezar, Genilson
Fonte: Valor Econômico, 01/05/2007, Caderno Especial, p. F1

As cotações da celulose, que desde novembro alcançaram o patamar mais elevado dos últimos dez anos, devem permanecer estáveis até, pelo menos, o início do segundo semestre. Em 2006, quando os preços médios subiram 9% em relação ao ano anterior, pouco mais de 1,5 milhão de toneladas de capacidade de celulose deixaram o mercado internacional, movimento que contribui para o atual nível de preços.

Já a demanda pela celulose em todas as regiões permanece aquecida, sendo um dos principais destaques as encomendas da China. Mesmo com a maior competição por clientes na Ásia, por exemplo, o volume total de vendas das empresas na região tem crescido. Na Europa e nos EUA, a demanda por celulose se manteve firme.

"Em papel, o mercado deve ficar estável. Em celulose, trabalhamos com a perspectiva de estabilidade dos preços, pelo menos, até o início do segundo semestre", afirma o analista financeiro da Fator Corretora, Marcos Paulo Fernandes. O nível mundial de estoques está baixo, em cerca de trinta dias, enquanto o inverno menos rigoroso na Europa atrasou o corte da madeira no continente. Fatores que contribuem para que os preços se mantenham nesse patamar elevado.

Mesmo com o dólar afetando os resultados, a Aracruz obteve no primeiro trimestre deste ano um desempenho operacional em alta. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização subiu 4%, alcançando R$ 416 milhões. Um dos motivos foi a elevação dos preços da celulose, que tiveram alta de 11% nos últimos doze meses. Na teleconferência a analistas, o diretor financeiro da Aracruz, Isac Zagury, diz que poderia haver boas surpresas em relação às cotações da celulose, diante de um cenário de estoques baixos e demanda aquecida.

No segundo semestre, devem começar a surgir pressões de queda das cotações da celulose. A entrada em operação de novas unidades de produção no Brasil - fábrica de Macuri (BA) da Suzano Papel e Celulose - e da Botnia no Uruguai, a partir do terceiro trimestre, pode aumentar a oferta do produto e conseqüentemente reduzir os preços. Mas nada que seja acentuado, com a cotação da fibra curta ainda na casa dos US$ 600.