Título: Portugal pede ajuda a Brasil
Autor: Pires, Luciano
Fonte: Correio Braziliense, 11/12/2010, Economia, p. 28

Guido Mantega nega que país comprará títulos da dívida portuguesa para aliviar a crise vivida pela nação europeia, à beira de um colapso. Ministro anunciará medidas de crédito a setor privado na quarta-feira

O Brasil não quer e não vai financiar a dívida de Portugal por meio da compra de títulos públicos. Apesar de reconhecer a gravidade da crise que assola o país europeu, o governo brasileiro prefere atuar como facilitador, abrindo canais e tentando convencer organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a criarem linhas de crédito que possam ser acessadas a qualquer momento pelas nações do Velho Mundo em dificuldades.

A consulta sobre se o Brasil estaria interessado em participar de operações de compras diretas de papéis lusos foi feita na quinta-feira pelo ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, ao ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega. Ontem, em São Paulo, Mantega descartou a ideia. ¿Fiz algumas ponderações sobre a dificuldade que temos. Disse que quem é responsável pela aplicação de reservas é o Banco Central, que tem critérios para a alocação de aplicações¿, explicou.

À beira de um colapso fiscal, Portugal vê crescer sua dívida pública, ao mesmo tempo em que tenta aprovar reformas estruturais e cortar gastos. Restrições orçamentárias e o desemprego em alta pioram ainda mais o cenário macroeconômico do país, que não é o único na Europa sob riscos de insolvência. Mantega justificou que o problema europeu está no euro.

¿As soluções têm de ser dadas de forma sistêmica¿, resumiu, avaliando que a União Europeia, o FMI e o G-20 deveriam tomar medidas preventivas e dar crédito para esses países. ¿Eu me comprometi a trabalhar na UE e no FMI, a ligar para o presidente do BCE (Banco Central Europeu), do FMI para sugerir que produzam essas linhas de crédito¿, disse o ministro.

Pacote Mantega defendeu a busca por uma solução sistêmica, lembrando que a crise pode se alastrar. ¿Se a Europa não vai bem, começa a fazer essa marola. Afeta os Estados Unidos, afeta os países emergentes. É um problema de todos¿, afirmou. O ministro da Fazenda anunciou que o governo deverá lançar no próximo dia 16 um megapacote de medidas para facilitar a concessão de crédito de longo prazo para o setor privado no Brasil. ¿Vamos mexer em linhas, em tributação, vamos facilitar a captação. O setor privado vai ter mais crédito de longo prazo a um preço mais baixo para estimular o investimento.¿