Título: Brasil perde espaço para outros emergentes
Autor: Rosa , Silvia
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2013, Finanças, p. C7

Diante do fraco desempenho da economia brasileira em 2012 e do aumento das intervenções do governo no setor privado, muitos investidores estrangeiros migraram as alocações em ações de empresas brasileiras para outros mercados emergentes.

A política de reforma econômica e o crescimento do consumo no México tornaram o país o favorito dos investidores estrangeiros nas alocações em América Latina no ano passado. "O México está entrando em ciclo de crescimento do consumo, e esse ciclo já está acabando no Brasil", diz Jean Van de Walle, chefe para mercados emergentes da AllianceBernstein. O México e o Chile são a preferência da gestora nas alocações em América Latina.

Enquanto o fundo de índice de ações do México, o iShares MSCI Mexico, captou US$ 596 milhões nos últimos três meses encerrados em janeiro, o iShares MSCI Brazil, o maior fundo de índice do país negociado no exterior, teve um saque de US$ 269,4 milhões no período.

Para Maria (Masha) Gordon, vice-presidente da Pimco e responsável pelo time de gestão de fundos de ações de países emergentes, as ações mexicanas estão caras, mas o país tem potencial de crescimento maior que o Brasil.

A Pimco, porém, tem sido seletiva nos investimentos em ações mexicanas e está com posição abaixo da média do mercado no país.

A bolsa mexicana negocia hoje a um múltiplo de Preço/Lucro (P/L, indicador que mede o tempo de retorno para o investidor reaver os investimentos) para 2013 de 17 vezes, enquanto o do P/L da bolsa brasileira está em 11 vezes.

A BlackRock também está com uma posição abaixo da média do mercado para México nas carteiras voltadas para América Latina. "O resultado do balanço do quarto trimestre de 2012 das empresas brasileiras veio em linha com o esperado pelo mercado, enquanto as companhias mexicanas desapontaram", avalia Will Landers, gestor dos fundos de renda variável da BlackRock para a América Latina.

Entre os mercados emergentes, a Pimco está com posição acima da média do mercado em China e Rússia. "Esses mercados tiveram performance fraca nos últimos dois anos e vemos uma mudança nos fundamentos de crescimento", afirma Masha.

Os investidores também procuram oportunidades em mercados poucos explorados, como os chamados países de fronteiras na África, que têm baixa liquidez. "A África está vendo um clássico estágio inicial de crescimento, com as exportações de commodities se traduzindo em um círculo virtuoso de desenvolvimento de infraestrutura, aumento da produtividade e da renda", afirma Richard Titherington, chefe da equipe de renda variável de mercados emergentes da JP Morgan Asset Management.

A gestora ainda vê oportunidade no México, na Turquia, na Indonésia e na África do Sul. "Essas economias apresentaram significativa reforma estrutural na última década e perseguiram políticas econômicas ortodoxas, que resultaram em baixo nível de inflação e crescimento mais estável", diz Titherington.