Título: Genérico avança em anticoncepcional
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2007, Empresas, p. B1

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou ontem o registro de medicamentos anticoncepcionais orais genéricos no país. Com a regulamentação, os fabricantes poderão lançar contraceptivos orais idênticos aos remédios de marca além de hormônios endógenos, usado na reposição hormonal.

"Com a medida da Anvisa, esse era o último grande filão de mercado em que o genérico não atuava", disse Odnir Finotti, vice-presidente da Pró Genéricos, entidade que reúne os fabricantes de genéricos. Produtos contraceptivos movimentaram US$ 481 milhões em 2006, com a venda de 92,7 milhões de unidades em todo o país, segundo dados do IMS Health. Finotti disse que a previsão é que os genéricos capturem cerca de 20% do mercado em um a dois anos. "Os genéricos vão ampliar o acesso e permitir economia de pelo menos 35% no preço", disse.

A expectativa dos laboratórios é que os novos contraceptivos demorem de seis a 12 meses para chegar ao mercado. O setor esperava a liberação da Anvisa havia pelo menos dois anos. A agência já permitia a venda de anticoncepcional injetável. Os orais, no entanto, não eram permitidos. Segundo a Anvisa, faltava tecnologia para garantir uma cópia fiel do produto de referência, limitação que, segundo a agência, já foi superada. Os primeiros genéricos, que movimentaram mais de US$ 1 bilhão no ano passado, chegaram ao mercado no início da década, depois da Lei de Genéricos, de 1999.

A Medley, maior fabricante de genérico do país, disse que a regulamentação exige um acompanhamento mais rigoroso na fabricação do contraceptivo genérico, exigindo mais testes e procedimentos do que normalmente é requerido para um genérico convencional. "Como líder em genéricos, a Medley não ficará fora deste mercado, mas os produtos não devem chegar ao mercado antes do fim do ano", disse o presidente do laboratório, Jairo Yamamoto. A EMS-Sigma Pharma, vice-líder em genéricos, avalia que a medida da Anvisa permitirá explorar um novo nicho de mercado. "O potencial é enorme. Queremos atingir 10% deste mercado", disse a diretora de relações externas, Telma Salles.

A entrada do genéricos no mercado normalmente dilacera as vendas dos remédios originais, desprotegidos de patente. Estima-se que 70% das vendas dos contraceptivos hoje no país estão nas mãos da alemã Schering (comprada pela Bayer), da americana Wyeth e da holandesa Organon. Em nota, a Schering disse que a entrada dos genéricos é importante para ampliar o acesso. A empresa produz dez contraceptivos, além do Yasmin, líder de vendas em faturamento, cuja patente está protegida até o fim da década. A fábrica da empresa em São Paulo é a segunda maior do grupo no mundo.