Título: Emprego na indústria paulista aumenta apenas 0,12%
Autor: Machado, Tainara
Fonte: Valor Econômico, 20/02/2013, Brasil, p. A3

O baixo crescimento do emprego na indústria paulista no mês passado - apenas 0,12% em relação a dezembro - confirma as expectativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que não prevê a retomada das contratações no Estado e nem a recuperação dos postos fechados em 2012.

"A nossa previsão é que haja aumento de 2% no nível de emprego em 2013, o que permitirá recuperar apenas parcialmente as perdas do ano passado", disse Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da entidade. A Fiesp trabalha com uma previsão de crescimento da economia de 3% em 2013, ante previsão ao redor de 1% para 2012. No ano passado, a produção industrial brasileira teve queda de 2,7%, redução que passou dos 4% no Estado de São Paulo.

"A indústria de 2013 ainda não disse a que veio, e queremos esperar para fazer projeções mais firmes", disse Francini. "O que sabemos é que 2012 foi um ano muito ruim, com perdas muito grandes, e 2013 não deve repeti-lo", disse. Em 2012, a indústria paulista demitiu 52,5 mil trabalhadores.

Em janeiro, um mês usualmente de recuperação nas contratações da indústria após as demissões de final de ano, a alta do nível de emprego de apenas 0,12% ante dezembro, na série com ajuste sazonal foi considerada por Francini "uma variação modesta, e abaixo do que costumamos ter nesta época do ano". O resultado é superior ao registrado em janeiro de 2012, quando houve queda de 0,14%, mas inferior ao de 2011 (alta de 0,41%) e 2010 (0,31%). No total, a indústria paulista criou 10 mil novas vagas de emprego no mês passado.

A recuperação lenta, na visão do diretor da Fiesp, é ainda reflexo de um fim de ano fraco, quando a esperada retomada da atividade não aconteceu. Colaboram ainda os níveis relativamente baixos da capacidade instalada da indústria, o que também deve segurar novas contratações por mais algum tempo.

Por outro lado, fatores que traziam insegurança ao setor, como o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística, devem pesar menos na conta do emprego do que poderia se temer.

"Trata-se de um aumento gradual e que, dessa forma, não deve provocar um impacto intenso", disse Francini. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias registrou aumento de 0,8% no nível de emprego de janeiro sobre dezembro, na série sem ajuste sazonal.

Dos 22 setores da indústria de transformação monitorados pela pesquisa da Fiesp, 16 apresentaram variações positivas no nível de emprego em janeiro, puxados por couros, artefatos de couros e calçados, com alta de 3,2%, produtos têxteis (1,2%) e máquinas e equipamentos (1%). Os números levam em conta a comparação com dezembro, sem ajuste sazonal.

Na outra ponta, quatro setores demitiram mais do que empregaram: fabricação de cobre e derivados do petróleo (-5,8%), bebidas (-0,6%), impressão e reprodução de gravações (-0,6%) e produtos de metal (-0,1%). Os setores de metalurgia e de móveis ficaram estáveis.