Título: Indicador do BC aponta desaceleração no fim de 2012
Autor: Izaguirre , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2013, Brasil, p. A3

O Banco Central detectou desaceleração da economia brasileira no último trimestre de 2012 na comparação com o período julho/setembro. Após subir 1,11% do segundo para o terceiro trimestre, o Indicador de Atividade Econômica (IBC-Br) apurado pela autoridade monetária com objetivo de antecipar a tendência do Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,62% na série com ajustes sazonais, sinalizando que a evolução recente do nível de atividade está aquém da esperada por agentes econômicos e governo para 2013.

Na hipótese de seguir esse mesmo ritmo no atual e nos próximos três trimestres, a economia do país cresceria cerca de 2,5% apenas em 12 meses. Essa taxa é melhor que a já apontada pelo próprio IBC-Br para 2012 inteiro, ano em que o índice perdeu velocidade e subiu 1,64% na série sem ajustes sazonais e 1,35% na versão dessazonalizada (ante 2,72% e 2,79% em 2011, respectivamente). Mas ainda está abaixo das previsões de mercado colhidas pelo BC em relação ao PIB para o ano em curso, que apontam alta de 3,08% para o PIB em 2013.

Mais distantes ainda estão as expectativas do governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem falado em crescimento econômico entre 3% e 4% em 2013. O BC não divulgou ainda sua projeção para o ano fechado, mas espera que, no acumulado de quatro trimestres até setembro, o PIB avance 3,3% este ano.

No último mês de 2012 especificamente, o IBC-BR também perdeu velocidade. Subiu 0,26%, ante 0,57% em novembro, na série dessazonalizada. O IBC-Br é uma aproximação do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Nem sempre os dois índices coincidem, mas em 2011, o dado do BC mostrou boa aderência ao indicador oficial do comportamento da atividade no Brasil. Em 2011, o IBC-BR cresceu 2,72% na série sem ajustes sazonais e 2,79% na série dessazonalizada, sobre 2010, enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,7% em 2011.

Os dados trimestrais dessazonalizados do ano passado mostraram um distanciamento maior entre os dois indicadores. Ainda assim, eles continuaram apontando no mesmo sentido, pelo menos até o terceiro trimestre. Após crescer 0,29% nos primeiros três meses do ano, o índice do BC avançou 0,58% e 1,11% nos dois trimestres seguintes. O PIB, por sua vez, depois de aumentar 0,2% no período janeiro/março, cresceu 0,4% e 0,6% nos trimestres que se seguiram.

Na previsão da MCM Consultores, a alta do PIB no quarto trimestre deverá ser de 0,7%, pouco acima do registrado no IBC-Br. "Há uma diferença na metodologia, mas eles devem ficar bem próximos", diz o economista Leandro Padulla. Sua previsão para 2012 é de um PIB de 0,9%, ante 1,64% do IBC-Br, no resultado sem ajuste, e 1,35% dessazonalizado.

Para a Rosenberg & Associados, os números também voltam a se aproximar no quarto trimestre. A previsão da consultoria é de um PIB de 0,8% para os três últimos meses. "Se fizermos a dessazonalização do IBC-Br nos mesmos moldes com que o PIB é feito, o resultado de 0,6% (no quarto trimestre) vai para 0,9%", acrescenta a economista-chefe Rosenberg & Associados, Thaís Zara.

Segundo ela, a razão para a diferença maior entre IBC-Br e PIB no terceiro trimestre foi o peso também maior que teve naquele momento o baixo desempenho do setor de intermediação financeira, que inclui bancos, seguros e previdência privada e entra na conta do IBGE de forma diferente. Para a LCA Consultores, o PIB do quarto trimestre terá alta de 1% sobre o terceiro trimestre, mesma variação esperada para 2012.