Título: Emergentes sustentam embarque de carne bovina
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 08/05/2007, Agronegócios, p. B11

A crescente demanda da Rússia e de outros países emergentes como Egito, Arábia Saudita e Irã voltou a sustentar as exportações brasileiras de carne bovina em abril passado. Os embarques somaram 212.797 toneladas equivalente-carcaça, um aumento de 37,35% sobre igual mês de 2006, informou ontem a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec). A receita com as vendas externas cresceu 39,41% em relação a abril do ano passado, alcançando US$ 345,582 milhões. As vendas incluem carne bovina in natura, industrializada e miúdos.

O presidente da Abiec, Pratini de Moraes, disse que, além de o volume ter crescido, houve aumento nas vendas de produtos de maior valor agregado. Isso gerou "um aumento de 9% no preço médio de venda [entre janeiro e abril] em dólar, mas ainda não compensa a valorização do real", disse.

Segundo ele, há um esforço por parte dos exportadores para vender produtos de maior valor e também para reduzir o número de intermediários nas operações de venda. Pratini comentou que o movimento de internacionalização por parte dos frigoríficos brasileiros favorece esse quadro.

O presidente da Abiec afirmou que o maior aumento da demanda ocorre nos países emergentes, liderados pela Rússia. "A carne bovina é um dos produtos mais nobres, e o consumo cresce com a melhora na renda". Entre janeiro e abril, as vendas brasileiras totais de carne bovina somaram o recorde de US$ 1,423 bilhão, 43,34% mais que em igual período de 2006. Os volumes, também recordes, atingiram 888.683 toneladas equivalente-carcaça no período, um avanço de 34,93%. A fatia russa nesses números é expressiva: foram US$ 304,432 milhões e 230.971 toneladas equivalente-carcaça de carne in natura no quadrimestre, aumento de 117,98% e 118,44%, respectivamente, sobre igual intervalo de 2006, segundo a Abiec.

Outro destaque entre os emergentes é o Egito que comprou US$ 118 milhões até abril, 40,56% de alta na comparação com o mesmo período de 2006. Em volume, foram 96.103 toneladas equivalente-carcaça de carne in natura entre janeiro e abril, alta de 36,49%.

Pratini de Moraes voltou a afirmar que o embargo parcial da União Européia, que atinge São Paulo, Paraná e Mato Grosso, está sendo driblado pelas empresas que conseguem redirecionar sua produção destinada à exportação para outros Estados, como Mato Grosso e Goiás. A proibição foi imposta após focos de aftosa em Mato Grosso do Sul e Paraná.

Mas ele não esconde a preocupação com a nova ameaça da UE de embargar a carne brasileira se o Sisbov for não implementado de vez até novembro. "Precisamos implantar em definitivo o programa de rastreabilidade", disse. O dirigente reclamou novamente do embargo chileno à carne brasileira, para o qual, segundo ele, não há justificativa técnica. Conforme Pratini, o presidente Lula lhe disse que a presidente do Chile, Michelle Bachelet, "ficou de encontrar uma solução" para o embargo.