Título: Ele agradece, mas desafia
Autor: Iunes, Ivan; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 16/12/2010, Política, p. 6

Lula homenageou antigos e atuais colaboradores e incitou Dilma a transformar o Brasil na 5ª economia do mundo

Na presença de ex e atuais ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou, ontem, em cartório as ações promovidas em oito anos de governo. O documento com seis volumes, totalizando 2.200 páginas, foi elaborado pelos ministérios e consolidado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom). ¿O WikiLeaks não vai precisar entrar clandestinamente, ele vai ter à disposição as coisas que nós fizemos, inclusive as coisas do Itamaraty. Ou seja, não vai ter vazamento do WikiLeaks porque nós vamos vazar antes¿, brincou Lula.

Todos os ex-ministros, inclusive os que saíram na esteira de escândalos, foram convidados ao evento no Palácio do Planalto. Estiveram presentes José Dirceu, Antônio Palocci, Matilde Ribeiro, Benedita da Silva e Walfrido dos Mares Guia, entre outros. A última a ser demitida, Erenice Guerra, não compareceu. Por problemas de saúde, também não vieram Luiz Gushiken e o vice, José Alencar. Ao todo, estiveram presentes cerca de 800 pessoas. ¿Eu queria, neste ato aqui, na verdade, era prestar uma homenagem àqueles companheiros que, durante oito anos ou durante alguns meses ou durante alguns dias, se dedicaram a construir o que nós plantamos¿, agradeceu Lula.

O presidente apontou dados do documento, como os avanços na área de saúde, incluindo a criação de 14 universidades, 126 câmpus no interior do país, 214 escolas técnicas e a criação das bolsas do ProUni. Lula ainda fez um desafio à presidente eleita, Dilma Rousseff, e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que a dupla leve o Brasil à condição de 5ª economia do mundo até 2016. ¿Somos a nação do pré-sal, a nação da Copa do Mundo, da Olimpíada. E se depender da dona Dilma e do dom Guido, vamos ser a quinta economia do mundo em 2016 e vamos conquistar essa medalha de ouro¿, pediu Lula. O governo federal disponibilizará dois sites (www.balancodegoverno.presidencia.gov.br e https://i3gov.planejamento.gov.br) com as informações registradas ontem em cartório.

A uma semana da votação do Orçamento no Congresso Nacional, o presidente ainda pediu, em tom de brincadeira, que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, diminua o contingenciamento de receitas para investimentos dos ministérios. Os parlamentares querem votar a proposta com previsão de arrecadação R$ 30 bilhões superiores ao projetado por Bernardo. O ministro admitiu que o Orçamento deve ser aprovado com recursos superestimados. ¿Vamos aprovar o Orçamento e fazer ajustes depois. Fatalmente teremos de fazer um contingenciamento grande. Só espero que o Ministério das Comunicações não seja afetado¿, brincou Bernardo, que assumirá a pasta a partir de janeiro.

De Natal À tarde, o presidente Lula recebeu representantes de movimentos sociais no Palácio do Planalto. As lideranças ressaltaram a abertura de diálogo entre os movimentos e o presidente. Para o evento, foram convidados integrantes dos segmentos da sociedade civil, incluindo entidades sindicais, do campo, das mulheres, dos negros, da juventude, de economia solidária e de reforma urbana. O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, lembrou das conquistas alcançadas em quatro anos, como a criação de um conselho nacional para combater a homofobia. ¿O Lula é muito gente boa. Ele é o Papai Noel dos gays¿, brincou.

Entrevistas para a PF

Edson Luiz

O futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reuniu-se com três delegados que podem ser indicados para a Direção-Geral da Polícia Federal (PF), um dos cargos mais disputados no segundo escalão do governo. Dois deles são superintendentes estaduais: Leandro Delano Coimbra, em São Paulo, e Ildo Gasparetto, no Rio Grande do Sul. O terceiro é o diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho. Também cogitado para o cargo, o atual secretário de Defesa Social do Pará, Geraldo José de Araújo, não chegou a se encontrar com Cardozo. O futuro ministro esteve ontem na sede da PF em reunião com toda a diretoria da corporação. Conheceu a estrutura, o orçamento e a forma de trabalho da PF.

Apoiado pelo ex-ministro da Justiça e governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Gasparetto é entre os três o mais bem cotado para assumir o cargo. Ele chegou a ser cogitado para a Secretaria de Segurança Pública do estado, mas a possibilidade de ser diretor da PF o fez recusar a proposta. Troncon é o candidato preferido do atual dirigente da PF, Luiz Fernando Corrêa, que também defende, com menor ênfase, a indicação de Coimbra. Já Geraldo Araújo, que também foi superintendente da PF em São Paulo, conta com a simpatia do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.