Título: Para EPE, concessões ferroviárias são mais arriscadas
Autor: Dias, Guilherme Soares
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2013, Brasil, p. A2

Os riscos para as empresas que disputam as concessões do setor ferroviário, que devem ser leiloadas pelo governo federal nos próximos meses, são ainda maiores do que as do setor rodoviário, que teve um leilão sem interessados recentemente, disse ontem hoje o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Entre os riscos citados por ele, estão o estabelecimento de regras sobre as responsabilidades por acidentes nas linhas férreas e o controle de passagem dos trens. "Essa parte regulatória é complexa. É um setor mais desconhecido, já que não há experiências parecidas no exterior", afirmou, em São Paulo, depois de participar de discussão na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre infraestrutura.

Figueiredo lembrou que a participação da iniciativa privada é determinada pelos riscos e ganhos que a empresa vai ter. "No setor rodoviário, a taxa de retorno será de 12% a 15%, descontada a inflação. No setor ferroviário, em que os riscos serão maiores, essa taxa de retorno deve ser um pouco maior", afirmou. Os riscos, segundo ele, existem mesmo com a Valec comprando a capacidade das ferrovias. "Há dúvidas de como será feito o cálculo para determinar a capacidade", disse. O vencedor dos leilões será a empresa que oferecer o menor valor de pedágio.

Para evitar que o leilão não tenha interessados, o governo realiza encontros com representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib) para discutir o modelo do projeto. "Estamos fazendo discussões com a iniciativa privada e desses encontros podem surgir aperfeiçoamentos. As regras das rodovias já foram pacificadas. No caso das ferrovias, as empresas ainda têm dúvidas", disse.

Com nove lotes de rodovias e 12 de ferrovias previstos para serem leiloados nos próximos meses, Figueiredo afirmou que o governo deve realizar os leilões por módulos para garantir que as empresas se preparem para participar dos certames. "Isso facilita a apresentação de propostas. Podemos soltar editais em maio, junho e julho, com leilões até 60 dias depois."