Título: Colombo investe para tentar recuperar popularidade
Autor: Di Cunto, Raphael
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2013, Especial, p. A14

Bombardeado pela imprensa e criticado nas ruas pela reação aos consecutivos atentados que assolaram Santa Catarina, o governador Raimundo Colombo (PSD) aposta num pacote de obras de R$ 7,2 bilhões - financiado quase que todo pelo governo federal - para recuperar sua popularidade e buscar a reeleição em 2014.

O projeto, chamado de "Pacto por Santa Catarina", prevê empréstimos de R$ 6,8 bilhões - o governo pagaria diretamente apenas R$ 356 milhões de contrapartida. Por enquanto, o Estado já conseguiu liberar a garantia de quase um terço dos empréstimos pedidos, e negocia para ter o resto aprovado ainda este ano, a tempo de lançar os editais de licitação das obras.

Colombo diz que o Estado tem muitos gargalos de infraestrutura, como a malha viária, e nega que os recursos visem diminuir os danos da onda de violência. "A crise na segurança temos que reverter com o trabalho na segurança pública e mostrando que não tínhamos outra opção, que as ações tinham um tempo de preparo que não era necessariamente o tempo de resposta que a população esperava", afirma.

Segundo o governador, os empréstimos são a única forma de realizar os investimentos diante da redução no ritmo de crescimento da arrecadação. "No ano passado, o Orçamento aumentou em um percentual muito aquém do que estávamos acostumados. Crescemos 6%, praticamente a inflação, enquanto a média era sempre 14%, 15%", pontua.

A queda diante da arrecadação projetada ocorreu devido ao pequeno crescimento da economia brasileira e de medidas do governo federal, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados e da manutenção do preço da gasolina - Santa Catarina recebe parte dos royalties e teria se beneficiado do aumento, que só ocorreu em fevereiro deste ano.

O governador, porém, não tem do que reclamar. O Pacto por Santa Catarina será financiado praticamente pelo governo federal. Colombo já tem contratados ou negocia recursos de R$ 3,7 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 1,2 bilhão do Banco do Brasil, R$ 320 milhões da Caixa Econômica Federal e R$ 867 milhões diretos da União, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de convênios com ministérios. Ao todo, o governo pretende financiar R$ 6,8 bilhões.

Do dinheiro pleiteado, apenas R$ 500 milhões não são recursos do governo federal - o montante, pedido ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), será usado em obras de infraestrutura vária, como construção de 40 km de novas rodovias, reabilitação de outros 200 km e eliminação de 22 pontos de acidentes graves.

A abundância de recursos do governo petista ocorre após o governador, que foi eleito pelo DEM e é adversário do PT no Estado, ter participado da fundação do PSD ao lado do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e aberto um rombo na oposição, com uma migração em massa de integrantes de seu ex-partido que estavam insatisfeitos na oposição ao governo Dilma Rousseff. Do PT, porém, surge sua provável adversária à reeleição - a ex-ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti, que concorreu contra ele em 2010 e tem planos de disputar em 2014.