Título: Montadoras desenvolvem modelos híbridos
Autor: De Detroit
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Empresas, p. B1

A crise do petróleo está levando as montadoras a acelerarem o desenvolvimento de energias alternativas para o funcionamento dos carros. A General Motors, maior fabricante de veículos do mundo, anunciou durante o Salão de Detroit, um acordo de parceria com o grupo DaimlerChrysler para acelerar os projetos e compartilhar os custos de desenvolvimento de modelos híbridos, que funcionam com eletricidade e gasolina. A busca de combustíveis alternativos tem sido o tema mais falado na apresentação à imprensa do Salão do Automóvel em Detroit (North American International Auto Show). Ao mesmo tempo, as montadoras defendem uma participação do governo para ajudá-las nesse desenvolvimento. "O governo precisa reduzir impostos para que possamos desenvolver essas novas tecnologias", afirma o principal executivo da Ford, James Padilla.A Ford está apresentando em Detroit o Escape, o primeiro utilitário híbrido e promete novos lançamentos. A Honda também apresentou uma versão híbrida e a Toyota diz que aumentará a oferta desses modelos. A montadora japonesa foi a primeira a lançar um modelo híbrido em larga escala, o Prius, que se transformou num sucesso de vendas. "Nós não poderíamos prever, há dois anos, o que aconteceria com o preço do petróleo", disse ao Valor, o presidente do conselho da Ford, Bill Ford. Para ele, é fácil prever que daqui a alguns anos será muito mais difícil extrair petróleo na quantidade necessária. A venda de veículos híbridos nos Estados Unidos deverá alcançar a marca de 200 mil unidades neste ano, segundo previsões da consultoria J.D.Power. O volume é mais de quatro vezes maior que o total alcançado em 2003. O mercado dos híbridos poderá chegar a 500 mil unidades em 2009, representando 2,8% das vendas nos Estados Unidos, segundo a consultoria. O presidente mundial da General Motors, Rick Wagoner, apontou a invenção brasileira do motor bicombustível (que funciona com álcool, gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção) na sua primeira apresentação durante o salão. E elogiou a idéia. A busca da melhor energia para os automóveis do futuro desemboca nas células de hidrogênio. A indústria aponta essa tecnologia como a melhor inovação porque acima de tudo preserva o meio ambiente. No caso, as emissões do motor se transformam em água. As montadoras conseguiram avançar em limitações do passado, como autonomia do carro e durabilidade dos componentes para esse tipo de tecnologia. No entanto, esbarram, agora, na questão dos custos. Segundo Wagoner, vender um carro movido a célula de hidrogênio é inviável. "Trata-se de um carro que pode ser feito, mas não pode ser vendido porque não seria acessível a ninguém", destaca o executivo ao reforçar a tese de que o governo deve se unir à indústria em torno dessa causa. "Este é um jogo muito caro, que fica ainda mais inacessível num momento em que a indústria passa por uma forte pressão de custos", destaca o executivo. "Mesmo que nós acreditemos que a resposta é a célula de combustível ninguém sabe quando poderemos começar a fabricar um carro assim", completa. A GM está apresentando em Detroit um carro conceito, chamado Sequel. Nele, todas as adaptações para acomodar o tanque de hidrogênio e demais componentes estão acomodadas no chassi do veículo. A partir dele, a montadora pode adaptar qualquer carroceria. "Com isso conseguimos liberdade no design", destaca Wagoner. "Para nós não é impossível trabalhar com a idéia de vender veículos movidos a célula de hidrogênio em 2010, mas até agora não sabemos quando a tecnologia será acessível ao consumidor", completa. (MO)