Título: Credit Suisse e Citibank saem do capital da Método Engenharia
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Empresas, p. B3

Quatro fundos de participação em empresas do Credit Suisse First Boston e do Citibank venderam 100% das ações preferenciais da Método Engenharia para o controlador da construtora, a Método Administração e Participações. O valor da transação não foi divulgado pelas partes envolvida em comunicado enviado à Bovespa. Os fundos haviam entrado na Método em 1998, o que permitiu que a construtora liquidasse seu passivo de curto de prazo naquela época, de R$ 63 milhões. No ano passado, os fundos tiveram papel fundamental na renegociação de R$ 102 milhões em dívidas da empresa, que passa por um período de reestruturação. Eles eram credores de quase 60% do passivo da empresa por meio de debêntures. Como ao mesmo tempo eram credores e acionistas, esses fundos cederam para outros credores não-acionistas as garantias reais que tinham na época, como terrenos e participações em outras empresas da Método, como a Stamp (pré-moldados) e a Precast (montagem). Os bancos que aceitaram alongar as dívidas levaram essas garantias. Hoje, as debêntures emitidas pela Método têm como garantia o aval da empresa. Segundo o Valor apurou, a saída dos quatro fundos faz parte de uma operação maior, que envolverá a renegociação da dívida feita no ano passado e que dará um fim ao crédito que os fundos têm com a Método. Procurados, nem a Método nem o Credit Suisse explicaram a transação. De acordo com Mauro Berjstein, diretor do Credit Suisse Asset Management, a oferta feita pela Método para a compra de suas ações representou uma oportunidade. "O prazo para a saída se daria em setembro de 2005 e o prazo de desinvestimento em 2003, por mais dois anos", diz ele, sem revelar se a liquidação do investimento se deu com lucro ou não. Procurado pelo Valor, o Citibank afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que naquele momento não dispunha de um porta-voz para a questão. No ano passado, a Método perdeu outro sócio. Victor Foroni, sócio de Hugo Rosa na Método Administração, deixou a empresa em uma transação não divulgada. Hoje, Rosa é o único acionista da controladora Método Participações. A saída dos fundos e de Foroni se dá em um período em que a Método passa por uma reestruturação. Depois de atingir o pico de obras em 2002, a empresa começou a ter dificuldades financeiras, principalmente com a redução do ritmo de obras. A receita bruta de janeiro a setembro de 2004 foi de R$ 67,2 milhões, ante R$ 103,1 milhões no mesmo período de 2003. No último balanço divulgado, a Método tinha R$ 119,1 milhões em dívidas de curto prazo e R$ 111,8 milhões no longo prazo. Seu ativo circulante era de R$ 123,3 milhões. No terceiro trimestre de 2004, a construtora obteve seu primeiro resultado positivo em dois anos - lucrou R$ 6,5 milhões, contra um prejuízo de R$ 21,7 milhões no mesmo período de 2003. De julho a setembro do ano passado, a receita bruta da Método caiu 18,1%, para R$ 27,4 milhões. Mas a margem bruta da construtora subiu de 23,4% para 56%. Outro fator que contribuiu para o lucro do período foi a redução do resultado financeiro negativo, de R$ 4,4 milhões para R$ 1,2 milhão. Além disso, o item "outras despesas operacionais" - não especificado pela empresa - caiu de R$ 13,2 milhões para R$ 5 milhões.