Título: Alencar quer solução de mercado para a Varig
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Empresas, p. B3

O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, deixou claro ontem que o governo aposentou as idéias de intervenção ou de liqüidação extrajudicial da Varig. Ele afirmou que busca uma "solução de mercado" para a crise da companhia e espera uma proposta de reestruturação, a ser elaborada formalmente pela aérea, para costurar um acordo "no mais curto prazo possível". O governo pretende facilitar uma renegociação da dívida da Varig com credores públicos e privados. Uma vez que a Varig tiver colocado sua proposta na mesa, ele chamará todos os interessados para discuti-la, de sindicalistas a empresas internacionais. Ontem, o vice-presidente recebeu a visita do presidente mundial da General Eletric, Jeffrey Inmelt. Ao receber um pedido de Inmelt para que a multinacional participe das reuniões com o governo para discutir a crise da Varig, Alencar respondeu que irá convidá-los a participar dos próximos encontros. A GE e a Boeing são os maiores credores privados da companhia, com US$ 400 milhões a receber. "Todos nós temos que participar dos esforços para a solução desse problema", disse Alencar, à saída de sua reunião com Inmelt. A preocupação dele é com a presença da Varig em 28 aeroportos estrangeiros. Se a companhia se retirar das áreas aeroportuárias e rotas conquistadas, o direito de exploração não se transfere para outras empresas brasileiras. Mas o vice-presidente ressaltou que a saída para a crise da Varig não deve ter como base a injeção de recursos públicos. "Estou procurando uma solução de mercado, empresarial. Obviamente será melhor para todos." Alencar confirmou a informação publicada ontem pelo Valor, de que o Unibanco deverá assessorar a Varig nas conversas com credores. Também a Trevisan Associados ajudará a companhia aérea - principalmente na elaboração de cenários e na gestão da empresa. Segundo Alencar, há um "convite" da Varig para que o Unibanco participe do processo. "Se ele quiser participar, é muito bom porque fortalece o trabalho técnico de apresentação [da proposta]", disse o vice-presidente. Desde que chegou ao Ministério da Defesa, no início de novembro, o ministro tem intensificado as discussões com a direção da Varig para buscar uma saída à crise da aérea. Até então, a participação do presidente da empresa, Carlos Luiz Martins, nas negociações era secundária.