Título: Níquel leva Vale ao lucro recorde de R$ 5,1 bilhões
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2007, Brasil, p. A5

A Vale do Rio Doce apresentou resultado consolidado recorde no primeiro trimestre de 2007, já incorporando a CVRD Inco. Nos dados levantados de acordo com a contabilidade brasileira, o lucro líquido do período fechou em R$ 5,095 bilhões. Valor 133,3% acima do alcançado entre janeiro e março do ano passado e corresponde a R$ 2,11 por ação.

Segundo Pedro Galdi, analista de mineração do ABN Amro, o mercado trabalhava com uma média de R$ 5,4 bilhões para o lucro no primeiro trimestre, bem próximo do efetivado. Na sua avaliação, o resultado foi muito bom. "O que influiu neste balanço foi o preço do níquel, que saltou de uma cotação de US$ 34 mil a tonelada para US$ 46 mil a tonelada nestes primeiros três meses de 2007. A Vale comprou a Inco na hora certa", comentou o analista. Ele tinha projetado lucro de R$ 6 bilhões para o trimestre. "Fui muito otimista, mas reconheço que a consolidação da Inco dificulta fazer previsões, pois se lida com outros formatos de custos e despesas."

A receita bruta consolidada somou R$ 16,6 bilhões ou 100,8% acima da obtida entre janeiro/março de 2006, quando os números não contavam com a subsidiária canadense. A incorporação da CVRD Inco contribuiu com R$ 6,7 bilhões para o desempenho das vendas brutas. Os reajustes nos preços responderam sozinhos por R$ 1,2 bilhão do total da receita bruta. Pela primeira vez, o valor dos embarques de não ferrosos suplantaram o de ferrosos. Os não ferrosos representaram 43% da receita bruta e os ferrosos, 40,7%. Segundo a Vale, isto ocorreu por conta do níquel e porque os novos preços do minério de ferro e pelotas não foram incorporados à contabilidade do primeiro trimestre. A cadeia de alumínio colaborou com 8,6% e os serviços de logística, com 4,9%.

A geração de caixa, medida pelo lajida (lucro antes de despesas financeiras, impostos e depreciação) registrou R$ 8,9 bilhões, acima da média de projeções do mercado, de R$ 5,4 bilhões.

Seguindo as normas da contabilidade americana, o resultado trimestral da Vale atingiu lucro líquido de US$ 2,2 bilhões ou US$ 0,92 por ação. O Credit Suisse projetava lucro de US$ 2,3 bilhões.

O cenário macro econômico da Vale para os próximos 12 meses é de expansão forte da atividade econômica entre 2007 e 2008, com continuidade da expansão econômica chinesa. Para a Vale, a produção de aço na China continuará crescendo e vai aquecer a demanda por minério de ferro e metais. Os preços do níquel, que têm batido recordes históricos, devem se sustentar principalmente por outras aplicações como as originadas da indústria de petróleo e gás, aeroespacial e de baterias, já que o crescimento da produção global de aço inoxidável, que utiliza o metal, deve prosseguir se desacelerando nos próximos meses.