Título: No Senado, a estratégia é evitar confrontos
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2007, Política, p. A8

Enquanto a Câmara dos Deputados instala sua Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, a oposição no Senado Federal prepara-se para realizar sua própria investigação preocupada em evitar confronto com os deputados. O prazo para que os líderes partidários façam as indicações para a CPI do Senado termina em 15 de maio. Até agora, apenas PSDB e DEM apresentaram seus nomes.

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), trabalha para que as duas Casas atuem em conjunto, para evitar convocações das mesmas pessoas para depor e disputa por holofotes, com iniciativas conflitantes. Isso, segundo ele, só levariam ao desgaste do Congresso e prejudicaria as investigações.

"A idéia não é disputar. Devemos trabalhar em conjunto, fazer reuniões dos comandos das CPIs, combinar estratégias. Como a CPI da Câmara vai iniciar os trabalhos primeiro, no caso dos depoimentos, por exemplo, se a gente considerar satisfatórios os realizados lá, devemos evitá-los aqui", disse o tucano.

Líderes governistas do Senado admitem que não conseguirão evitar o funcionamento simultâneo das duas CPIs sobre o mesmo assunto e já buscam uma estratégia de defesa. Na avaliação deles, a existência das duas CPIs jogará Câmara contra Senado, causando mais desgaste ao Congresso que ao governo.

No Senado, PSDB e DEM buscam profissionalizar o trabalho da CPI para tentar garantir a eficiência da apuração das causas e responsabilidades pela crise aérea. Estão buscando assessoria de servidores e ex-parlamentares experientes em investigações. Os democratas, com uma oposição mais contundente, deixam clara a intenção de investigar denúncias de irregularidades na Infraero. Os tucanos são mais cautelosos.

"Essa CPI não vai ser espetaculosa. Essa questão da corrupção deve ser vista com limites: até onde ela influenciou a crise", disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que vai integrar a CPI. A CPI terá 180 dias para concluir o trabalho e será integrada por 13 senadores, sete de partidos governistas e seis da oposição. Dependendo dos nomes, o governo pode levar vantagem ou ser prejudicado. Mas todos - governistas e oposicionistas - avaliam que, se surgirem fatos contundentes, eles vão se sobrepor a quaisquer manobra política que vise o controle da investigação.