Título: Sarkozy mantém favoritismo às vésperas da votação
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2007, Internacional, p. A13

Na praça Vitor Hugo, no 16º arrondissement, bairro da elite parisiense, uma equipe de TV alemã não teve trabalho, ontem cedo, para saber a opinião sobre o debate entre a socialista Ségolène Royal e o direitista Nicolas Sarzoky. Bastava a palavra "debate" para as pessoas pararem espontaneamente e interferirem na conversa. Quando um jovem desempregado elogiava a sua candidata, uma senhora burguesa, vestida num belíssimo Chanel verde, parou e calmamente disse: "Não tenho confiança em sua candidata". Ao que ele retrucou: "Tenho medo do seu" . E esse tipo de debate continuou pelas ruas.

A França escolhe neste domingo seu presidente pelos próximos cinco anos. Todas as pesquisas de intenção de voto dão vantagem, de seis a oito pontos, para Sarkozy.

Para o banco BNP-Paribas, a situação econômica e social em degradação torna a eleição ainda mais determinante para a capacidade do país de fazer reformas e se adaptar a globalização.

Duas políticas econômicas se enfrentam com o objetivo de elevar o poder de compra. Sarkozy propõe uma política de oferta centrada na liberalização do mercado do trabalho, continuação da reforma do sistema social e redução de impostos. Royal quer uma relance mais direto da economia, por meio da alta do salário mínimo, extensão da semana de trabalho de 35 horas e criação de empregos para jovens com subsídio estatal.

Sarkozy copia parte do que acha ter dado certo nos EUA, Reino Unido e Irlanda: baixar imposto de renda, contar com as forças do mercado, mas também investir maciçamente em novas tecnologias. Royal se inspira na estratégia social-democrata dos países nórdicos, baseada em investimentos na educação para todos, reorganização do Estado para melhorar a qualidade dos serviços, recursos para criar empregos para jovens.

Na direita e na esquerda, as promessas não cessaram, sem que tenham detalhado com exatidão os custos. Royal e Sarkozy repetem suas estimativas iniciais: do lado socialista, as medidas propostas representariam despesas de 35 bilhões de euros. Sarkozy diz que seu programa custaria 32 bilhões de euros. Um instituto ligado a empresas estima a fatura em 61 bilhões de euros.