Título: Marcopolo estuda expansão no exterior
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Empresas, p. B5

A Marcopolo pretende concluir em abril os estudos de viabilidade econômica e financeira para a implantação de três novas fábricas no exterior nos próximos cinco anos, todas na Ásia, além de ampliar a presença comercial no Oriente Médio. Os projetos estão mais avançados na Índia, onde a empresa está negociando uma aliança com a Tata Motors, e na Rússia, onde também há conversas em andamento com potenciais parceiros locais. Nesses países as unidades podem ser implantadas em meados de 2007 e ao mesmo tempo a companhia está avaliando alternativas para se instalar definitivamente na China. Segundo o diretor de relações com investidores, Carlos Zignani, as novas fábricas terão porte semelhante ao da unidade no México, com capacidade para produzir até 4 mil ônibus por ano. A Marcopolo tem ainda fábricas na Colômbia, Argentina, África do Sul e Portugal, além do Brasil. Em 2004, a produção consolidada da companhia foi de aproximadamente 15,8 mil unidades, ante 14,3 mil no ano anterior, sendo cerca de 58% no país e o restante no exterior. A indiana Tata Motors, com quem a Marcopolo está negociando a joint-venture com 50% de participação para cada sócio, é líder no mercado local de cerca de 25 mil ônibus por ano, volume semelhante à produção brasileira do setor, explicou Zignani. A empresa, que produz chassis, veículos de passeio e comerciais, ônibus e caminhões, pertence ao grupo Tata, um conglomerado que atua ainda nos segmentos de siderurgia, petróleo, química, tecnologia da informação, produtos de consumo e serviços. Os investimentos necessários à implantação das novas fábricas somente serão estimados na conclusão do planejamento estratégico, em abril, disse o executivo. Ele não quis revelar detalhes dos contatos que estão sendo mantidos na Rússia e, na China, a Marcopolo ainda está avaliando a melhor opção para se instalar quando encerrar o contrato de transferência de tecnologia com a Iveco, assinado em 2001 e que expira em 2006. A maior fabricante brasileira de carrocerias de ônibus também está negociando a exportação de um volume importante de produtos para o Irã, adiantou o executivo. Os clientes fazem parte de um "pool" de empresas de transportes organizado pelo governo iraniano, mas por enquanto Zignani não detalhou a quantidade, os modelos de ônibus nem os valores envolvidos no negócio. Embora a maior parte da produção física da Marcopolo ainda seja originária do Brasil, mais da metade do faturamento consolidado da companhia já provém das exportações ou das vendas das controladas no exterior. Até novembro, esta participação era de 51,5% sobre a receita líquida de R$ 1,42 bilhão. A estimativa de vendas líquidas para o fechamento do ano passado é de até R$ 1,53 bilhão, ante R$ 1,28 bilhão em 2003. Para 2005 a projeção alcança R$ 1,74 bilhão. Conforme Zignani, o orçamento para 2005 prevê o dólar cotado a R$ 2,95 no fim do ano. A desvalorização da moeda americana nos últimos meses comprometeu a rentabilidade das exportações da Marcopolo, que a partir de dezembro foi forçada a aplicar um reajuste de cerca de 10% em seus produtos destinados tanto ao mercado externo quanto aos clientes domésticos, encomendados a partir daquele mês. "Estamos otimistas quanto ao volume de produção em 2005, mas só sentiremos o impacto do reajuste a partir de março", comentou o diretor.