Título: CPFL avalia compra de distribuidoras do Sul e do Sudeste
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Empresas, p. B6

A CPFL Energia, maior empresa privada da área elétrica no país, quer crescer ainda mais e articula um plano de expansão que inclui a aquisição de outras concessionárias de energia e de novas usinas. O presidente da empresa, Wilson Ferreira Junior, admite que o grupo analisa a compra de pequenas distribuidoras de energia do Sul e do Sudeste do país, área de atuação da CPFL no Brasil. Estas pequenas empresas, segundo ele, têm boa saúde financeira, mas dificuldades em obter eficiência nas suas operações. A união destas pequenas com o grupo CPLFL seria a melhor solução para estas empresas, na avaliação do executivo. "O principal instrumento de ganho de eficiência é escala, principalmente na distribuição elétrica, quando as perspectivas de custos ficam muito menores. Os preços que a CPFL consegue negociar na hora de comprar postes, cabos, medidores e outros equipamentos são muito mais vantajosos", afirma Ferreira Jr. O presidente da CPFL não quis citar nomes das pequenas concessionárias que estariam sob a mira da companhia num primeiro momento. No mercado, as apostas são as de que seriam as quatro pequenas concessionárias de distribuição que o grupo americano CMS Energy detém em São Paulo. As distribuidoras são a Companhia Paulista de Energia (CPEE), Companhia Sul Paulista de Energia (CSPE), Companhia Jaguari de Energia Elétrica (CJE) e Companhia Luz e Força de Mococa. De pequeno porte, atendem em torno de dez mil unidades consumidoras no interior do Estado e são avaliadas em pelo menos US$ 50 milhões, segundo uma análise do mercado. A CMS havia colocado os ativos à venda há um ano e pediu US$ 85 milhões por eles. Na ocasião se interessaram a Cemig, a Elektro e um fundo estrangeiro, além da CPFL. Mas, como nenhuma das ofertas chegou perto do valor pedido pela CMS, a empresa desistiu da venda. Recentemente, a CMS anunciou que recebeu a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para realizar uma reestruturação de suas empresas no Brasil, com o descruzamento de participações acionárias e o alinhamento das companhias sob uma só controladora, a CMS Distribuidora Ltda. A CPFL tem dinheiro em caixa para aquisições. Em setembro, o grupo fez a abertura do capital da sua holding nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York, simultaneamente. A operação serviu para a captação de US$ 300 milhões e firmou a CPFL como o maior grupo privado de energia do país, dono de três distribuidoras e sete hidrelétricas, além da maior comercializadora de energia do Brasil. A CPFL também tem apetite para ampliar a sua participação em geração de energia, segundo Ferreira Jr. A empresa pretende disputar em leilão novas usinas hidrelétricas e quer aumentar o seu parque gerador em 250 a 300 megawatts (MW) por ano. O volume corresponde a 10% do total que o governo pretende leiloar em 2005, do estoque de 17 usinas que somam 2.800 megawatts. O executivo acredita que o momento é favorável para investimentos em energia. " O cenário macroeconômico está bom e as regras estão claras. Além disso, o governo demonstrou que tem sensibilidade na formação dos preços". Quando Ferreira Jr assumiu o comando da CPFL, em 1999, a companhia possuía apenas 140 MW de potência instalada, correspondentes a produção de pequenas centrais hidrelétricas. Com a inauguração da primeira máquina da hidrelétrica de Monte Claro, hoje, com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, a CPFL chega 900 MW. O presidente da empresa disse que o objetivo é atingir 3.000 MW em 2010. Assim, a CPFL se tornará a segunda maior geradora privada do país, atrás apenas da belga Tractebel. Hoje a CPFL ainda está em quarto lugar no ranking de geração privada, atrás das americanas AES Tietê e Duke Energy. A área de geração da CPFL já investiu mais de R$ 3 bilhões em três usinas que estão em construção: Barra Grande (com 690 megawatts), Campos Novos (880 megawatts) e Monte Claro (130 megawatts). Segundo Ferreira Jr., estas hidrelétricas vão pôr em funcionamento 8 turbinas no período de um ano.